Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa

Girando à roda dos modismos da linguagem e relacionando-o com o universo de uma determinada época, a crónica «Antigamente I», extraída da obra Quadrante, do poeta e cronista brasileiro Carlos Drummond de Andrade, reflecte sobre o tempo de uma vasta bateria de palavras e das expressões idiomáticas/frases feitas que foram relegadas ao esquecimento e que se foram perdendo.


Convivi recentemente durante 10 dias seguidos às vezes 10, 12 ou mais horas por dia com um grupo de 30 pessoas: 6 portugueses e 24 brasileiros. Tive assim oportunidade de perceber de perto as diferenças de uso do léxico entre falantes e escreventes do português dos dois lados do Atlântico. Sem que as mesmas, porém, tenham, em algum momento, impedido a nossa comunicação.

Um extracto do Dicionário de Paixões do escritor português João de Melo, sobre a «instituição secreta» do erro ortográfico.

Não conhecem o erro ortográfico?

O maior deles é irreversível. Consiste em não o (re)conhecermos. E esse irreconhecimento fez dele uma instituição secreta.

Crónica do jornalista português Ferreira Fernandes, publicada no Diário de Notícias de 15 de Setembro de 2010, acerca daquilo que pode originar uma (divertida) metátese

 

Equívoco 1 Quando está um dia de sol, dizemos que está um dia "solarengo".
Verdade Quando está um dia de sol, dizemos que está um dia soalheiro.

Equívoco 2 Cada um dos caracteres tipográficos designa-se "caracter".
Verdade Cada um dos caracteres tipográficos designa-se carácter.

Equívoco 3 A palavra "açoreano" escreve-se com E, porque deriva de Açores.
Verdade A palavra açoriano escreve-se com I, porque à base açor se associou o sufixo -iano.

(...)

Língua materna vs. língua madrasta. Uma proposta de paz

O escritor angolano José Eduardo Agualusa reflecte sobre a rápida expansão do português em Angola, após a independência, propondo o uso dos idiomas nacionais na literatura desse país.

 

 

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, fez de improviso, no passado dia 5 de Setembro, o seu discurso de encerramento na Universidade de Verão 2010 deste partido português, em Castelo de Vide. A dada altura do mesmo, refere: «O PSD não pautua o seu comportamento para agradar ao Partido Socialista» (cfr. passagem do vídeo entre os minutos 30 e 31).

Paulo J. S. Barata comenta o uso que se faz em Portugal das expressões taxa moderadora e Scut.

A linguagem mantém quase sempre resquícios do seu valor denotativo, mesmo quando este é sobrepujado pelo valor conotativo, adquirindo outros sentidos e cambiantes. É, pois, quase sempre possível reconhecer, através da análise contextual, por muito mascarado que esteja pelas conotações que entretanto adquiriu, o valor denotativo da linguagem.

A expressão correcta é «círculo vicioso».

De acordo com alguns dicionários, esta expressão designa uma sucessão, geralmente ininterrupta, de acontecimentos que se repetem e voltam sempre ao ponto de origem, colidindo sempre com o mesmo obstáculo.

Na doutrina de Aristóteles, esta expressão designa uma falha lógica que consiste em alcançar dedutivamente uma proposição por meio de outra que, por sua vez, não pode ser demonstrada senão através da primeira.

«Não sabia que entre os subordinados havia dois amantes dos pombos, dois columbófilos, palavra talvez ainda não existente na época, salvo porventura entre iniciados, mas que já devia andar a bater às portas, com aquele ar falsamente distraído que têm as palavras novas, a pedir que as deixem entrar.»