1. A literatura em língua portuguesa afirma-se internacionalmente. Da Irlanda, vem o anúncio de que o romance Teoria Geral do Esquecimento, do escritor angolano José Eduardo Agualusa e traduzido para o inglês por Daniel Hahn, é o vencedor do prestigiado Prémio Internacional de Literatura de Dublin*, criado em 1996. Da Itália, chega a notícia de que o poeta português Nuno Júdice recebeu o prémio internacional Camaiore, pelo livro Fórmulas de uma Luz Inexplicável. Mas também no âmbito nacional a literatura ganha relevo: em Portugal, o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores foi atribuído à escritora Teolinda Gersão, pelo seu livro Prantos, Amores e outros Desvarios.
* Na imagem, uma placa bilingue que apresenta o nome inglês Dublin a par do irlandês Baile Átha Cliath. Curiosamente, é de notar que Dublin tem origem no irlandês Dubhlinn, que terá significado originalmente «laguna negra» (dubh = «negro», linn = «laguna»). O nome em irlandês moderno (trata-se de uma língua céltica, também conhecida como gaélico) é Baile Átha Cliath, ou seja, «cidade (baile) do vau (átha) da cerca de canas (cliath)».
2. A propósito do prémio que José Eduardo Agualusa arrebatou, diga-se que, apesar da disponibilidade da forma portuguesa Dublim (cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966 e Dicionário Onomástico da Academia Brasileira de Letras), continua a dominar em Portugal a grafia Dublin, pronunciada "dâbline". Disto mesmo dá conta José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), quando regista Dublin como entrada do nome da capital irlandesa e duvida do sucesso do equivalente português com uma interrogativa: «Quem usa entre nós a grafia Dublim [...]?» Sintomático de o nome vernáculo ter pouco ou nenhum uso é o facto de o próprio dicionário da Academia das Ciências de Lisboa definir dublinense como «natural ou habitante de Dublin», ou seja, mencionando a capital irlandesa com a forma inglesa.
3. Em Portugal, o mês de junho é preenchido pelas festas dos Santos Populares (no Brasil, Festas Juninas) – Santo António, São João e São Pedro –, cuja origem vem do encontro da devoção cristã com rituais pagãos que marcavam o solstício de verão no hemisfério norte. Assinalemos, pois, em 24 de junho, o dia de São João Batista, festejado com particular euforia não só no Porto mas também noutras cidades e vilas portuguesas, e participemos no bailarico com esta quadra por mote:
Posso andar de boca em boca...
Posso andar de mão em mão;
A dançar, S. João, sou louca...
Mas não sou fruta do chão!
(quadra do 88.º Concurso de Quadras organizado em 2016 pelo Jornal de Notícias, in São João no Porto – Quadras de S. João, consultado em 23/06/2017)
4. Como se explica que o pronome pessoal o tenha a forma -lo em «ganhá-lo»? Até que ponto se aceita uma vírgula no meio da locução «ou por outra»? Como se usa a palavra bebé, quando esta modifica um substantivo: «urso bebé» ou urso-bebé? E diz-se «filiar-se num movimento» ou «filiar-se a um movimento»? As respostas estão no consultório.
5. A respeito dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:
• Assinalando-se em Moçambique, no dia 25 de junho, o 42.º aniversário da sua independência nacional, o professor universitário moçambicano Lourenço do Rosário faz um balanço histórico da presença da língua portuguesa neste país, no Língua de Todos (sexta-feira, dia 23 de junho, às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, dia 24, depois do noticiário das 09h00*).
• A criação da Associação de Estudos de Língua Portuguesa da Ásia (AELPA), com sede na cidade chinesa de Macau, é o tema em foco no Páginas de Português (domingo, dia 25 de junho, na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, dia 1 de julho, às 15h30).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.