A coincidir com a abertura do ano lectivo em Portugal, como que a entrar num tempo de mais seriedade após as férias, a imprensa dá mostras de investir no poderoso universo da língua. É o que transparece da entrevista à professora Maria Helena da Rocha Pereira, publicada na revista Única do semanário Expresso (11 de Setembro de 2010).
São sinais evidentes de inquietude, indícios inequívocos de reflexão… de consciência do valor da nossa língua.
Testemunho do poder representativo da língua portuguesa, o poema Língua-mar, de Adriano Espínola, publicado na rublica Antologia desta edição, traduz a imprescindível identificação do falante ao seu idioma – «Língua em que navego, marinheiro, na proa das vogais e das consoantes» –, fértil no universo sugestivo («Língua de sol, espuma e maresia»).
Um outro sinal positivo de inquietude… e de afirmação linguística é anunciado pela publicação de um novo dicionário em Moçambique.
Em resposta às inquietações sobre o uso correcto da língua, a nova actualização debruça-se sobre casos críticos do falar quotidiano, a origem, a grafia e o significado de palavras e de expressões idiomáticas.
A bordo das naus das descobertas, a língua portuguesa viajou para outros continentes, instalou-se e enraizou-se, floresceu e abriu-se a outros tons, a novos vocábulos e a diferentes estruturas frásicas. São as variantes, os «quintais da língua portuguesa», tema de Milagrário Pessoal (D. Quixote), o novo romance do escritor José Eduardo Agualusa, ao qual o Jornal de Letras (JL, 8 a 21 de Setembro de 2010) dedicou um artigo.
Mas a atracção pelos cambiantes do idioma não é algo recente, nem esta «viagem linguística» é fruto do Acordo Ortográfico de 90, pois o olhar atento do escritor angolano sobre a língua portuguesa em Angola tem-se evidenciado noutras ocasiões, como é o caso do texto divulgado na rubrica O Nosso Idioma.
1. Em Portugal, um líder partidário declarou recentemente: «[o meu partido] não pautua o seu comportamento...» Na rubrica O Nosso Idioma, Paulo J. S. Barata assinala e comenta a raridade dessa variante (correcta) do verbo pautar.
2. A obra e a figura humana do poeta, romancista, ensaísta, cineasta e antropólogo angolano Ruy Duarte de Carvalho, falecido em Agosto na Namíbia, são o principal tema dos programas Língua de Todos (sexta-feira, 10 de Setembro, às 13h15*, na RDP África; com repetição no dia seguinte às 9h15*) e Páginas de Português (domingo, 12 de Setembro, na Antena 2). Nestas emissões participam a são-tomense Inocência Mata e a portuguesa Elsa Rodrigues dos Santos, especialistas em literaturas africanas de língua portuguesa.
No Páginas de Português, lugar ainda para a leitura da carta vencedora do mês de Agosto, da rubrica “Uma Carta É Uma Alegria da Terra”, em colaboração com os CTT, Correios de Portugal.
Ambos os programas se encontram também disponíveis no sistema de podcast, na página na Internet da rádio e da televisão públicas portuguesas.
A obra e a figura humana do poeta, romancista, ensaísta, cineasta e antropólogo angolano Ruy Duarte de Carvalho, falecido em Agosto na Namíbia, está em foco nos programas Língua de Todos (sexta-feira, 10 de Setembro, às 13h15*, na RDP África; com repetição no dia seguinte às 9h15*) e Páginas de Português (domingo, 12 de Setembro, na Antena 2). Nestas emissões participam a são-tomense Inocência Mata e a portuguesa Elsa Rodrigues dos Santos, especialistas em literaturas africanas de língua portuguesa.
No Páginas de Português, lugar ainda para a leitura da carta vencedora do mês de Agosto, da rubrica “Uma Carta É Uma Alegria da Terra”, em colaboração com os CTT, Correios de Portugal.
Ambos os programas se encontram também disponíveis no sistema de podcast, na página na Internet da rádio e da televisão públicas portuguesas.«A língua é una. Mas é diversa. Tanto mais ela quanto mais diferente. Tanto mais pura quanto mais impura. Tanto mais rica quanto menos castiça e mais mestiça.»
Foi assim, pelo paradoxo, que o poeta Manuel Alegre se referiu à diversidade da língua portuguesa contemporânea em discurso proferido em Abril passado, na inauguração da cátedra com o seu nome na Universidade de Pádua. A Antologia divulga parte desse texto.
1. «Taxa moderadora» e SCUT são expressões bem conhecidas em Portugal, mas, neste país, a legislação e a prática administrativa recentes evidenciam a perda do valor referencial desses termos: é o que Paulo J. S. Barata denuncia em O Nosso Idioma.
2. No Brasil, chama-se telegramática a um serviço telefónico para tirar dúvidas de gramática, disponível em Fortaleza e Curitiba e agora no Rio de Janeiro. Há quem veja riscos na iniciativa, por pressupor um modelo normativo ultrapassado. Quem a defende argumenta com a sua utilidade, porque são aos milhares os profissionais que querem usar a língua adequadamente – como o consultório do Ciberdúvidas é prova cabal disso... há treze anos, já.
1. Depois das férias, em Agosto, retomamos neste dia as actualizações do consultório destinado ao esclarecimento de dúvidas linguísticas. Além das questões em destaque, chamamos a atenção para as perguntas que pretendem ver desvendada a origem de certas expressões e provérbios. Infelizmente, o mais certo é não lhes dar resposta satisfatória, porque muitas delas radicam na tradição oral, que não se preocupa com registos factuais objectivos e sistemáticos.
2. A propósito dos tumultos na capital moçambicana e da leitura da sentença do caso Casa Pia, repetimos:
— Maputo é nome que se usa sem artigo definido (diz-se «visitei Maputo», e não «visitei "o" Maputo»; veja aqui porquê);
— o verbo abusar não tem voz passiva e, por conseguinte, é erro dizer que uma criança «foi "abusada"» (compreenda melhor a razão aqui).
1. Como anunciado, é na próxima segunda-feira, dia 6 de Setembro, que vão ser retomadas as actualizações do consultório do Ciberdúvidas. Também o formulário para envio de dúvidas volta a estar acessível.
2. Os tumultos na capital moçambicana e a leitura da sentença do "caso Casa Pia", em Lisboa, trouxeram para a actualidade mediática portuguesa duas incorrecções recorrentes. Convém por isso lembrar que:
3. Em O Nosso Idioma, um novo texto: Sandra Duarte Tavares mostra que «círculo vicioso» é expressão correcta. No Pelourinho, Paulo J. S. Barata examina o neologismo reporte.
1. Sabe-se que, internacionalmente, ainda não se reconhece à língua portuguesa o estatuto conferido pela sua posição entre as línguas mais faladas do mundo. Na Conferência sobre o Ensino do Português e Culturas Lusófonas, que decorreu em 26 de Agosto último em Fall River (Nordeste dos Estados Unidos), Joseph Levi, professor da universidade norte-americana de George Washington, relacionou essa atitude com a falta de investimento na promoção do português, sobretudo na formação de professores e em manuais escolares. Servirá a presente crise financeira e económica de desculpa para pouco ou nada se fazer?
2. Relembramos que as actualizações diárias do consultório de dúvidas voltarão segunda-feira, 6 de Setembro.
1. Assinala-se a realização em Luanda (Angola) de um curso de escrita criativa integrado na 4.ª Feira Internacional da Música e da Literatura, que decorreu entre 23 e 29 de Agosto. Centrando-se na necessidade de os criadores conhecerem explicitamente a gramática, o responsável do curso, o professor Afonso Miguel, não podia ser mais categórico: «No âmbito daquilo que é a criatividade artística há erros que podem ser tolerados, mas há outros inaceitáveis, atendendo ao nível das pessoas que escrevem.»
2. Do Brasil chega o anúncio do IV Concurso Literatura para Todos, cujo prazo de inscrição se prolonga até 13 de Outubro próximo (consultar página respectiva).
3. É no dia 6 de Setembro que regressam as actualizações diárias do consultório de dúvidas. Até lá, agradecemos que não nos sejam enviadas perguntas.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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