1. O Ciberdúvidas volta à plena atividade no próximo dia 12 de setembro, com atualizações regulares às terças e sextas, não só no Consultório, mas também nas demais rubricas do Ciberdúvidas (aqui, aqui e aqui). Até lá, como sempre, ficam ao dispor, para consulta, todos os conteúdos em arquivo. Não obstante a pausa que chega agora ao fim, observe-se que, ao longo deste período, foram disponibilizados vários conteúdos, nas seguintes rubricas:
– Acordo Ortográfico: "Acordo Ortográfico..." (28/07); "Voltámos à 'recepção'?..." (01/09).
– Controvérsias: "Afinal o que é a linguagem inclusiva?" (03/07); "Como a linguagem neutra virou guerra cultural no Brasil" (08/07); "O português de Portugal está em risco?" (21/07);
– Literatura: "Obscenidades e terapia em 'vidas cantadas'" (23/06); "Palavras nómadas" (30/06); "Os anjos não morrem..." (03/07).
– Lusofonias: "Mambos da Nguimbi..." (18/06); "É inadiável um pacto de regime para a língua portuguesa em Timor-Leste" (30/06).
– O Nosso Idioma: "Má sorte ter nascido em Portugal" (19/06); "A palavra mesmo" (20/06); "O sujeito da prosa poética" (27/06); "O forró..." (27/06); "A classe de palavras de insular" (04/07); "A pluralização dos nomes próprios" (06/07); "Estamos a dar mais erros de português?" (10/07); "O hipocorístico de Beatriz" (11/07); "'O meu computador está bugado'" (18/07); "Senha e signo" (18/06); "O português como língua de herança" (21/07); "Classe de palavras de 'cerca de'" (25/07); "Politicólogo e politólogo" (25/07); "Da alva ao camauro" (28/07); "Deixa de andar na Lua..." (28/08); "O fim da escrita manual" (31/7); "O grande carrossel da linguagem inclusiva" (21/08); "O choque de palavras na faculdade" (08/09); "Espera, expectativa e esperança" (08/09).
– Pelourinho: "Um regalo para os olhos..." (01/08); "A continuada resistência ao género feminino" (29/08).
– Diversidades: "Conhecimento de línguas..." (27/06); "As imagens e os fantasmas" (30/06/2023); "Unidas pela língua portuguesa" (14/08); "O ensino das línguas nacionais..." (21/08); "Filipinas..." (28/08); "O filipino..." (28/08).
– Montra de Livros: Revista Entreletras (07/07); Teoria Discursiva em Diálogo (12/07); Aprender Português com Poesia (27/07).
– A covid-19 na língua: "Arcturus XBB.1.16."; "Eris" ; "Nevoeiro cerebral".
Como é hábito, fez-se também registo nas Notícias de acontecimentos e iniciativas motivados pela língua portuguesa.
Na imagem, Paisagem com casario (1916), do pintor português José Malhoa (1855-1933).
2. Quanto a três dos programas que, na rádio pública de Portugal, são dedicados a temas do português, fica a informação sobre os respetivos dias e horas de emissão:
– Língua de Todos, difundido na RDP África, às sextas-feiras,às 13h20* (repetido no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 09h00*);
– Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, aos domingo, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, às 15h30*)
– e Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*).
Pormenores nas Notícias, sobre os conteúdos destes programas.
*Hora oficial de Portugal continental.
3. E, enquanto se prepara o regresso, um poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987):
Recomendação
Neste botânico setembro,
que pelo menos você plante
com eufórica
emoção ecológica
num pote de plástico
uma flor de retórica.
(in Discurso de Primavera e Algumas Sombras, 1977)
N. E. – O primeiro ponto desta Abertura foi atualizado em 08/09/2023, com a referência a dois conteúdos da rubrica O Nosso Idioma, adicionados na mesma data.
1. Em Portugal, como noutros países do hemisfério norte, vem o verão e as atividades letivas chegam ao seu termo. Como é hábito, seguindo o calendário escolar, é tempo de balanços também neste espaço, o que justifica uma pausa (ver último ponto desta abertura), para avaliar o caminho aberto ao longo de mais duas décadas e o muito que há para fazer. Os dados apresentados a seguir são elucidativos:
Respostas publicadas no Consultório: 35 000
Respostas dadas em consultas privadas, desde 2007 (não publicadas*): 60 000
Total de visualizações, desde 10/06/2015**: 156 666 904
Total de utilizadores, desde 10/06/2015**: 91 204 548
Total de visualizações entre 14/05/2023 e 14/06/2023: 1 524 496
Total de utilizadores entre 14/05/2023 e 14/06/2023: 1 019 924
Origem dos utilizadores (de 10/06/2015 a 14/06/2023): 57 717 921 – Brasil (63,02%); 23 547 842 – Portugal (25,71%)
Textos divulgados na rubrica Na 1.ª Pessoa: 4000
Textos divulgados na Montra de Livros: 350
Os números falam por si, mas acrescente-se que refletem bem o trabalho exigente e a responsabilidade decorrentes da confiança que todos os que querem saber sempre mais acerca do idioma oficial dos oito países iusófonos depositam no projeto desenvolvido nestas páginas. Beneficiando de um serviço que, desde os seus 26 anos de existência, é de acesso universal e gratuito, são muitas as pessoas que o procuram diariamente para consultas ou para comentários suscitados pelos mais variados temas da língua que lhes é comum. Estes consulentes encontram-se maioritariamente no Brasil e em Portugal, mas também noutros países de língua oficial portuguesa e até em regiões e Estados onde o português se transmite em comunidades mais restritas ou se estuda como língua estrangeira em qualquer recanto do mundo. Apesar dos muitos constrangimentos, principalmente logísticos, financeiros e técnicos, a experiência com os consulentes é sempre estimulante e reforçada por palavras calorosas de apreço e incentivo. Esta adesão é, pois, de molde a concluir que, sem dúvida nenhuma, vale a pena a intensa atividade aqui testemunhada pelos milhares de respostas e outros artigos disponíveis nas diferentes rubricas do Ciberdúvidas e pela totalidade de visitantes e de consultas, contabilizados na ordem dos milhões.
* São na sua maioria perguntas cujo conteúdo já tinha resposta anterior em arquivo.
** Os números apresentados dizem respeito apenas aos nove últimos anos de funcionamento do Ciberdúvidas, pois, na sequência de uma mudança de servidor, não é atualmente possível ter um registo completo relativo aos mais de 26 anos de atividade do portal.
2. No Consultório, atualizado com seis perguntas, retoma-se o tema dos pleonasmos viciosos: será que a expressão «incidente imprevisto» é um caso desses? Incluem-se ainda esclarecimentos a respeito dos usos de «isso mesmo» e «de sempre», bem como acerca dos significados «de permeio» e «pôr sal na moleira». Regista-se igualmente uma curiosa expressão brejeira, «mandar o Bernardo às compras». Finalmente, analisa-se um pormenor na grafia do nome de um partido português: Partido Social-Democrata, que ora apresenta hífen, ora o omite.
3. Junho é, em Portugal e noutros países, um mês de festas populares, em que reina a música. A propósito de um instrumento bastante presente em bailes e canções populares, a consultora Sara Mourato tece algumas considerações sobre a origem e as variantes da palavra acordeão, em O Nosso Idioma. Nesta rubrica, espaço ainda para outro apontamento sobre a história de palavras, intitulado "A origem de livro" e da autoria do professor universitário e tradutor português Marco Neves.
4. Sendo o país com maior número de falantes de português, o Brasil afirmou desde cedo a sua personalidade linguística, pelo que importa considerar as múltiplas publicações sobre o desenvolvimento do português brasileiro. Na Montra de Livros, apresenta-se uma nova síntese não isenta de teses inovadoras: trata-se de Latim em Pó, um livro de 2023, do linguista e escritor brasileiro Caetano W. Galindo.
5. Serão o Brasil e Portugal dois países separados pela mesma língua? Nas Controvérsias, partilha-se com a devida vénia um artigo do jornalista português Nuno Pacheco à volta dos equívocos da publicação de um livro infantil brasileiro em Portugal.
6. Temas principais de três dos programas dedicados à língua portuguesa na rádio pública portuguesa:
– As diferenças entre o discurso académico e discurso científico, em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 16/06/2023, 13h20*).
– O congresso internacional Ensino, Formação e Investigação, (Lisboa, de 19 a 21 de junho 2023), em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 17/06/12h30*.
– As novas palavras no mundo da energia, nas emissões de 19 a 23 de junho do programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50).
* Hora oficial de Portugal continental.
7. Como anunciado no primeiro ponto desta abertura, a partir de 16 de junho de 2023, faz-se uma pausa nas atualizações regulares do Ciberdúvidas, estando o regresso à atividade normal previsto para setembro. Entretanto, fica inativo o formulário para envio de perguntas ao Consultório, muito embora, nas demais rubricas, caso o interesse do tema ou a atualidade o justifiquem, poderão ser pontualmente colocados novos conteúdos, cuja publicação será assinalada nos Destaques e nas redes sociais. Como sempre, mantém-se a consulta livre de todo o vasto arquivo do Ciberdúvidas.
A todos os nossos consulentes, ótimas leituras!
1. O substantivo próprio Peso da Régua deve ser usado acompanhado de artigo definido porque o nome da localidade coincide com o de um substantivo comum? No Consultório, analisa-se este caso numa resposta que integra, com outras cinco, a atualização: "O verbo relar", "O elemento judeo-", "Os temas do poema 'Se Helena apartar...' (Camões)", "Pronomes pessoais, demonstrativos e possessivos no 1.º ciclo" e "O destaque de um título de conferência".
2. A expressão latina «quo vadis» sobreviveu até aos dias de hoje, continuando a ter vitalidade, o que motiva o apontamento da professora Carla Marques, no qual se explica o seu significado (divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2).
3. O Dia de Camões, que, em Portugal, se comemora a 10 de junho (a par do Dia de Portugal e das Comunidades), relembra a genialidade daquele que é considerado o príncipe dos poetas portugueses e cujos textos são de tantos tão bem conhecidos. Todavia, alerta o professor universitário e escritor Frederico Lourenço, que os textos de Camões poderão encerrar dimensões interpretativas pouco exploradas e que nos darão outra visão do poeta, ideia que desenvolve no texto "Luís de Camões e 'outra coisa'" (divulgado pelo autor no seu mural de Facebook e aqui transcrito com a devida vénia).
4. Deixamos dois destaques:
– A abertura dos prémios Alberto Sampaio e Júlio Fogaça, da Academia das Ciência de Lisboa, para alunos do ensino superior e do ensino secundário, respetivamente (mais informações aqui);
– O curso online assíncrono Um passo adiante. Para interações orais do dia a dia em português europeu, desenvolvido no âmbito âmbito das atividades do projeto internacional INCLUDEED (Social cohesion and INCLUsion: DEveloping the EDucational possibilities of the European Multilingual Heritage through Applied Linguistics) e no qual participa uma equipa da Universidade de Coimbra.
1. A atualidade internacional centra-se na destruição da barragem de Kakhovka, na Ucrânia, e nos enormes incêndios que lavram no Canadá, mas, em Portugal, também se dá destaque às eleições realizadas em 04/06/2023 na Guiné-Bissau, que deram a maioria absoluta à coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI)-Terra Ranka. Recorde-se que a Guiné-Bissau, membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), revela importante diversidade linguística, onde o português, apesar de língua oficial, continua pouco consolidado. Grande parte da população tem o crioulo nacional como língua materna, e, desde o berço, muitas pessoas falam igualmente as línguas históricas deste território, como sejam o balanta, o fula, o manjaco, entre outros idiomas pertencentes à grande família linguística Níger-Congo. Esta situação, associada a grande instabilidade política, torna de algum modo pouco expressivo o envolvimento deste país nas iniciativas de política linguística da CPLP.
A respeito da situação do português da Guiné-Bissau, sugere-se a leitura dos seguintes artigos: "Um alerta guineense", "A língua e os nomes na Guiné-Bissau", "O ensino na Guiné-Bissau", "Jornalismo em crioulo de Cabo Verde e da Guiné-Bissau exercido pela primeira vez em Portugal" e "A Guiné-Bissau e a luta pelo futuro". Sobre outros aspetos linguísticos, ler também: "Os gentílicos da Guiné, da Guiné-Bissau e da Guiné Equatorial", "Os nomes pátrios da Guiné Equatorial e da Guiné-Bissau" e "'Fiz cinco anos no Brasil' (português da Guiné-Bissau)". Na imagem, "Boémio", do pintor guineense Lemos Djata (Bissau, 1981).
2. Se se diz «esse argumento pouco vale», por que razão se usa também «de pouco vale»? Não será a preposição de aqui supérflua? A resposta está no Consultório e faz parte do conjunto de oito esclarecimentos que constituem a atualização deste dia. Além da expressão «de pouco vale», comentam-se o uso de «a seu lado», a grafia de Porto Novo (capital do Benim), a etimologia de animação, a construção «pode ser que...», um caso de haplologia sintática, a análise de um complemento do adjetivo e a identificação de um caso de coesão lexical por substituição.
3. O que significa exatamente aprender uma língua? Será que aprender a língua materna na infância é cognitivamente o mesmo que aprender uma segunda língua já na idade adulta? Em O Nosso Idioma, um apontamento de Inês Gama, consultora do Ciberdúvidas, aborda a distinção entre dois conceitos nos estudos linguísticos mais recentes, o de aquisição e o de aprendizagem.
4. No final de 2022, as Edições Colibri (Lisboa) lançaram o Dicionário Português-Árabe, de Abdeljelil Larbi e Délio Próspero. Na Montra de Livros, dedica-se uma breve nota a este um trabalho pioneiro em Portugal.
5. Nas Controvérsias, a propósito do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, o qual se festeja em 10 de junho, transcreve-se um artigo de opinião (Público, 08/06/2023), da professora Maria do Carmo Vieira, muito crítica em relação ao ensino da língua materna no contexto do currículo dos ensinos básico e secundário de Portugal. Na mesma rubrica, partilha-se outro conteúdo sobre um tema também polémico, mas discutido em tom conciliador e reflexivo: trata-se do vídeo que o professor universitário e tradutor Marco Neves elaborou a respeito do impacto social e cognitivo das ferramentas que as tecnologias de Inteligência Artificial produzem (Youtube, 05/06/2023).
6. O Dicionário Priberam Online de Português apresentou-se em 06/06/2023 com aspeto renovado e funcionalidades melhoradas. Nas Notícias, dá-se conta da novidade.
7. Dos programas que, na rádio pública de Portugal, versam sobre língua portuguesa, salientam-se:
– O programa Língua de Todos, difundido na RDP África, cuja emissão de sexta-feira, 09/06/2023, 13h20* (repetido no dia seguinte, 09h05*), tem a participação da professora Sandra Duarte Tavares, para falar de renovação lexical e explicar com exemplos a diferença entre neologismos, estrangeirismos e empréstimos.
– Páginas de Português (Antena 2), que, no domingo, 11/06/2023, às 12h30* (repetido em 17/06/2023, 15h30*), conta também com a intervenção de Sandra Duarte Tavares para analisar aspetos do funcionamento do português, por exemplo, o valor semântico do prefixo des nas palavras desleal e desmentir; ou, ainda, a confusão resultante da semelhança fonética e gráfica de alguns verbos (mungir e mugir, folhear e desfolhar, e descriminar e discriminar).
– No programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2, o tema é o léxico do amor online, nas emissões de 12 a 16 de junho (segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50). A convidada é Rita Sepúlveda, investigadora do Instituto da Comunicação da Universidade Nova e do ISCTE, que estuda há sete anos os relacionamentos românticos em plataformas de encontros.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. O termo deepfake é usado para descrever a forma como a inteligência artificial ¹ tem sido colocada ao serviço da criação de vídeos extremamente realistas, que não são reais, com o objetivo de manipular as afirmações de alguém ou mesmo determinadas situações, o que contribui para um processo de desinformação, que pode servir propósitos ideológicos ou mesmo políticos. Esta palavra inglesa poderá ser substituída em português pelo termo ultrafalso, formado pelo prefixo ultra-, com o valor de «grau extremo ou excessivo», que se associa a falso, que refere algo «que foi falsificado». À partida, ultrafalso pertence à classes dos adjetivos, podendo ser mobilizado em expressões como «conteúdos ultrafalsos». Não obstante, também poderá surgir como substantivo, em construções como «o ultrafalso é o novo perigo».
¹ Cf. Língua e inteligência artificial + O processo de reescrita de textos e a Inteligência Artifical + A falsa promessa do ChatGPT
2. Na atualização do Consultório, analisa-se um caso de dois complementos do nome, que funcionam como argumentos do nome duração. No mesmo domínio da sintaxe, são divulgadas respostas relacionadas com as funções sintáticas dos constituintes do sintagma «a igreja de Longhena, no Grande Canal» e com a natureza das orações em «algo para prevenir este crime» e em «Já havia quem lhe apontasse o defeito...». Ainda um caso de colocação do pronome clítico com o pronome todos, o uso do conjuntivo depois de expressões com valor de suposição, a verificação da correção da palavra "filmação" e o uso de demais.
3. Em O Nosso Idioma, Inês Gama, colaboradora do Ciberdúvidas, propõe uma reflexão sobre as diferenças das construções «entre mim e ti» e «entre eu e tu» (divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2).
4. O conhecimento lexical tem muita importância no ato de escrita. A qualidade do texto pode, por exemplo, ser prejudicada pela má escolha de parónimos, tal como alerta na sua análise o professor brasileiro Chico Viana. Também do Brasil, da pena do escritor brasileiro Marcílio Godoi, chega-nos a descrição dos valores que um paulista atribui à palavra imagina (textos aqui partilhados com a devida vénia).
5. A escritora moçambicana Paulina Chiziane, na cerimónia de entrega do Prémio Camões 2021, deixou uma intervenção com reflexões sobre a língua, sobre África e as suas raízes e ainda sobre os significados que alguns dicionários associam a algumas palavras, um discurso que aqui se partilha na sua forma escrita.
6. O uso de você como forma de tratamento não é bem recebido em todas as camadas da sociedade portuguesa, chegando inclusive a provocar reações mais contundentes, como o demonstra Galopim de Carvalho, professor universitário jubilado, no apontamento intitulado Você (divulgado na sua página de Facebook e aqui partilhado com a devida vénia).
7. Damos destaque ao congresso internacional Ensino, Formação e Investigação, que terá lugar entre os dias 19 e 21 de junho, assinalando os 20 anos que o Mestrado de Ensino de Português como Língua Segunda e Estrangeira da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova completou em 2022 (notícia aqui).
1. Enquanto se intensificavam os ataques aéreos no conflito russo-ucraniano – com a própria capital russa a sentir efeitos –, no Castelo Mimi, em Bulboaca, na Moldávia*, realizava-se em 1 de junho de 2023 a segunda cimeira da Comunidade Política Europeia, que reuniu 47 líderes para discutirem questões de segurança, energia e cooperação. No outro lado do Atlântico, foi notícia a queda que deu o presidente dos EUA, Joe Biden (80 anos feitos em 20 de novembro de 2022) durante uma cerimónia da Academia da Força Aérea norte-americana. O acidente não é despiciendo, porque um estudo revelou que, entre os democratas, é opinião que Biden está demasiado velho e, portanto, frágil, para se manter na atividade política. Vem, assim, a propósito recordar a palavra ancião (feminino, anciã), que significa «que tem idade avançada» e terá origem no latim medieval *anteānus (forma hipotética), derivado de ante, «antes», pelo francês ancien (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa). É curioso verificar que o plural deste vocábulo tem três formas corretas, no género masculino – anciões, anciães e anciãos –, mas uma única forma de plural no feminino, que é anciãs (ibidem). Recorde-se também que há outras palavras terminadas em -ão com duplo ou triplo plural correto: por exemplo, corrimãos e corrimões (corrimão) e aldeãos, aldeões ou aldeães (aldeão).
* Ou República da Moldova, para efeitos protocolares. Ver Código de Redação para o português usado na União Europeia.
2. O verbo coçar é motivo, no Consultório, para retomar as diferenças entre o português de Portugal e o do Brasil. A este tópico somam-se cinco outros: a expressão «ser da Lourinhã», os atos ilocutórios assertivos, a associação de artigos definidos aos determinantes possessivos, os modificadores do nome restritivos e a didática das subclasses dos adjetivos.
3. Qual é a origem dos nomes dos dias da semana, que em português têm, na sua maioria, formas tão diferentes das que se encontram em línguas também românicas? Na Montra de Livros, regista-se o lançamento de Os Dias da Semana (Centro Atlântico, 2023), um livro destinado ao público infantil e que, de forma narrativa, com o seu quê de maravilhoso, explica a história dessa particularidade do português.
4. Nas Controvérsias, partilha-se, com a devida vénia, "As fake news na linguística", artigo do linguista Aldo Bizzocchi, que considera basearem-se em notícias falsas certas teses sobre o machismo subjacente à categoria de género em português. Na mesma rubrica, inclui-se uma crítica de Yann Sèvegrand, professor de Português no ensino básico e secundário, ao uso das formas de tratamento em Portugal.
5. Atualmente, psicologiza-se o discurso e torna-se corrente falar de narcisismo ou contar histórias de «famílias disfuncionais», conforme aponta a jornalista Karelia Vázquez, num trabalho originalmente publicado em espanhol (El País Semanal, 27/05/2023) e agora traduzido em Diversidades. Nesta rubrica, divulgam-se ainda outros dois textos: um de João André Costa, professor português que trabalha em Londres e se vale da sua competência bilingue para ajudar as comunidades de língua portuguesa (e outras) radicadas na capital britânica; e outro, do professor universitário e tradutor Marco Neves, sobre a história do hilariante English as She is Spoke, um manual de inglês elaborado por um português que não falava nem conhecia este idioma.
6. No final do mês de maio de 2023, faleceram em Lisboa a professora e escritora Eduarda Dionísio e o livreiro e dinamizador cultural José Pinho. Sobre o importante contributo destas duas figuras marcantes da vida intelectual portuguesa, leiam-se os dois registos que lhes são dedicados na rubrica Notícias: aqui e aqui.
7. Registo de três dos programas que abordam temas da língua portuguesa na rádio pública de Portugal:
– Língua de Todos, transmitido na RDP África, (sexta-feira, 02/06/2023, 13h20*; repetição no dia seguinte, 09h05*), conversa-se com a professora e linguista Carla Marques, investigadora de CELGA/ILTEC da Universidade de Coimbra e consultora permanente do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, sobre a conceção e elaboração de manuais escolares.
– Em Páginas de Português, difundido pela Antena 2 (no domingo, 04/06/2023, 12h30*; repetição em 10/06/2023, 15h30*), entrevista-se a professora universitária e linguista Maria Aldina Marques, do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, para falar do tema "Discurso Académico e Discurso Científico: Aproximações, diferenças e ensino".
– Igualmente na Antena 2, o programa Palavras Cruzadas* tem como convidado o professor universitário João Carlos Espada, sobre o que torna diferente a política anglo-saxónica quando comparada com a política da Europa continental.
* De 3 a 9 de junho, às 09h50 e 18h50 (hora de Portugal continental).
1. Na sequência das eleições eleitorais na Turquia, a comunicação social considera que Erdoğan, o vencedor, é o «homem de ferro da Turquia». Por seu turno, este afirmou, no seu discurso de vitória, que «a Turquia é feita de aço inoxidável». Em ambos os casos, estamos perante um processo de criação metafórica. A metáfora é usada como forma de associar conceitos preexistentes, retirados de um determinado campo lexical, a novas realidades que se pretende descrever. Deste modo, ao associar-se Erdoğan ao Homem de Ferro, está-se a atribuir ao presidente turco a capacidade de resistir a todas as dificuldades. Quando o próprio presidente considera que o seu país é feito de aço inoxidável, pretende atribuir aos cidadãos o mesmo traço de resistência, de alguém que não é corroído nem pelas maiores adversidades. A metáfora surge, assim, como um processo muito rico e, simultaneamente, económico para caracterizar pessoas e situações por meio da sua identificação com aspetos de realidades previamente conhecidas.
A este propósito, recorde-se como a metáfora se revelou um processo muito importante em períodos como o da covid-19 ou em momentos políticos mais intensos, tal como o documentam os textos disponibilizados no Ciberdúvidas: «Metáforas, terreno fértil da política», «O túnel e a luz», «Das linhas de trincheira ao olho do furacão», «Bala de prata contra a imortalidade», «Dos caminhos da pandemia às doenças da sociedade» e «A nossa casa e as portas que se fecham e que se abrem».
2. Integrará a expressão «meio ambiente» a lista de pleonasmos viciosos? Dever-se-á preferir a palavra ambiente a «meio ambiente», dado que são termos sinónimos? Estas são as dúvidas que marcam a controvérsia na qual se inclui o texto apresentado por Carlos Rocha, coordenador executivo do Ciberdúvidas.
3. O Ciberdúvidas é, para milhares de leitores e consulentes, um espaço de referência e de qualidade no âmbito do esclarecimento de vários aspetos relacionados com a língua e da orientação para os usos corretos. Neste quadro, a professora Carla Marques apresenta uma breve nota que dá a conhecer as três respostas mais visitadas do Ciberdúvidas.
4. Será possível a utilização da expressão «círculo virtuoso» a par de «círculo vicioso»? Esta é a questão que abre a atualização do Consultório. A ela juntam-se as respostas às seguintes dúvidas: Como abordar as noções de sujeito e de predicado no primeiro ciclo? Qual a concordância do verbo com pronomes coordenados pela conjunção ou? Poderemos utilizar o verbo evoluir com um comportamento transitivo? Como identificar frases optativas e frases imperativas? É possível o neologismo credencialismo? Cotitularidade é sinónimo de contitularidade?
5. Na Montra de Livros apresenta-se a nova publicação da Porto Editora destinada a falantes de português como língua estrangeira: Português Já – Iniciação, que visa essencialmente a prática gramatical e o desenvolvimento lexical.
6. Margarita Correia, professora universitária e linguista, no seu artigo intitulado «A descolonização da língua portuguesa» questiona as relações que Portugal mantém com os países de língua oficial portuguesa e a relação que estes, por seu turno, mantêm com a língua portuguesa. Um assunto que exige uma reflexão séria (partilhado com a devida vénia).
7. O professor universitário e tradutor Marco Neves analisa o provérbio «Quem não tem cão caça com gato» no sentido de determinar a sua correção (apontamento partilhado com a devida vénia).
8. Entre os acontecimentos de relevo relacionados com a língua, destaque para a aula aberta dinamizada pela professora Carla Marques a propósito da didática do oral, um evento com lugar na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, com possibilidade de acompanhamento por zoom (https://videoconf-colibri.zoom.us/j/5718913258 / ID da Reunião – 571 891 3258) (notícia aqui).
1. Os recentes acontecimentos políticos em Portugal geraram dois neologismos que têm ocupado as primeiras páginas da imprensa nacional: Galambagate e Costagate. Estes termos recentes estão relacionados com o escândalo político que envolve o ministro das Infraestruturas João Galamba e os acontecimentos que tiveram lugar a 26 de abril, nas instalações do seu Ministério, envolvendo vários membros da sua equipa e que vieram juntar-se ao escândalo político que envolve a TAP, a transportadora aérea portuguesa. Os factos que aí tiveram lugar, de contornos ainda pouco claros e com versões diferentes, encontram-se a ser averiguados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito e fazem correr muito tinta, abalando as estruturas do governo português. As palavras Galambagate e Costagate resultam da junção dos apelidos dos políticos João Galamba e António Costa, primeiro-ministro português, ao sufixo inglês -gate, o qual refere uma situação que causa choque público ou reprovação social. A forma sufixal -gate é abstraída de Watergate, nome do conjunto de edifícios que se situa em Washington, nos Estados Unidos, e que esteve no centro do escândalo político ocorrido na década de 1970 que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.
2. Poderá o complemento indireto ser introduzido pela preposição para? Esta é uma questão que envolve alguma complexidade no plano da análise sintática e para a qual propomos uma interpretação numa de oito respostas que disponibilizamos na atualização do Consultório. Neste âmbito, poderão ainda ser consultadas as seguintes questões: ««Fora de» e «de fora de»», «O tipo de sintagma de lhe», «Qualquer associado à negação», «O verbo imprescindir», «Anosognosia e anosognose», «O nome pernoite» e «Antecedentes de anáfora nominal e de pronomes relativos».
3. A propósito de uma incorreção relacionada com uma possível etimologia das palavras chá e te, no decurso de um espetáculo, a colaboradora do Ciberdúvidas Sara Mourato vem esclarecer, num breve apontamento, que tea advém do português chá, que, por sua vez, tem origem no mandarim ch'a.
4. O professor universitário Marco Neves dedica um novo artigo à escrita e à sua evolução, que organiza em três fases: a invenção da escrita, a criação da imprensa e a generalização da aprendizagem da escrita a grande parte da população (divulgado no blogue do autor Certas Palavras e aqui transcrito com a devida vénia).
5. O que se considera correto e incorreto no português do Brasil é, muito frequentemente, alvo de discussões que se processam em diferentes planos. Já em 2011, o escritor, analista e cronista José Horta Manzano discutia esta questão defendendo que os brasileiros deveriam aceitar que existem variantes no uso do português do Brasil. Esta é uma questão que mantém toda a sua atualidade (texto publicado originalmente no jornal brasileiro Correio Braziliense).
6. O ex-jornalista português João Querido Manha apresenta um breve texto no qual reflete sobre os seus apelidos, a sua origem e a forma como se foi relacionando com eles (texto apresentado no blogue do autor, aqui transcrito com a devida vénia).
7. Nos três programas que a rádio pública em Portugal dedica à língua portuguesa, os temas centrais são:
– Os preconceitos dialetais numa conversa com a professora e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Clara Keating, em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 26/05/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 09h00*);
– A conceção e a elaboração de manuais escolares numa entrevista com a professora e investigadora de CELGA/ILTEC da Universidade de Coimbra Carla Marques, no Páginas de Português, emitido na Antena 2, no domingo, 28/05/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, dia 3/06/2023, às 15h30*). Este programa conta ainda com a participação da linguista Sandra Duarte Tavares, que analisa gramaticalmente as frases «Obrigado por teres aceite o meu convite» e «Obrigado por teres aceitado o meu convite»;
– Que palavras ficaram no léxico do português após as invasões francesas é o mote da conversa com o historiador e romancista João Pedro Marques, no programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*).
*Hora oficial de Portugal continental
1. Comemora-se neste dia o centenário do nascimento de Eduardo Lourenço. Nascido em S. Pedro de Rio Seco (distrito da Guarda), em 23 de maio de 1923, Eduardo Lourenço de Faria foi, desde meados do século XX, figura marcante da escrita ensaística portuguesa. Emblemático do ambiente vivido em Portugal logo após o 25 de Abril de 1974 e o processo de descolonização, salienta-se, entre os livros que publicou, O Labirinto da Saudade – Psicanálise Mítica do Destino Português (1978), onde o autor, sondando os mitos do Império, defendia que tinha chegado «a hora de fugir para dentro de casa, de nos barricarmos dentro dela, de construir com constância o país habitável de todos, sem esperar de um eterno lá-fora ou lá-longe a solução que, como no apólogo célebre, está enterrada no nosso exíguo quintal.» Objeto da sua reflexão foi também, por diversas vezes, a língua portuguesa pós-imperial, discussão que tem registo na rubrica Antologia, com o artigo que Eduardo Lourenço escreveu em 1992 para o Atlas da Língua Portuguesa na História e no Mundo (coordenado por António Luís Ferronha). São desse texto as seguintes linhas: «O derramamento, a expansão, a crioulização da nossa língua foram como a das nossas “conquistas”, obra intermitente de obreiros de acaso e ganância (da terra e do céu) mais do que premeditada “lusitanização” como nós imaginamos – porventura enganados – que terá sido a romanização do mundo antigo ou a francização e anglicização dos impérios francês e britânico.»
Fonte da imagem: Fundação Calouste Gulbenkian, 01/12/2020.
Cf. ‘Eduardo antes de ser Lourenço'
2. O que significa a palavra fé? O mesmo que confiança? No Consultório, além da diferença entre fé e confiança, esclarecem-se cinco novos tópicos, a saber, o uso do nome próprio Suez, um caso de modalidade deôntica, a forma de tratamento mecê, a conversão de sentir em nome comum e a ambiguidade de um sujeito subentendido.
3. Na Guiné-Bissau, tem difusão nacional o criol ou kriol, língua crioula com estatuto de língua materna e segunda entre grande parte da população. Na Montra de Livros, apresenta-se a obra Kriol Ten, um dicionário do crioulo guineense.
4. Ainda a respeito de Eduardo Lourenço, lê-se no artigo acima mencionado, na Antologia: «Não se pode dizer de língua alguma que ela é uma invenção do povo que a fala. O contrário seria mais exacto. É ela que nos inventa.» Nas Controvérsias, à volta de como a língua condiciona (ou não) o pensamento e a visão do mundo, partilha-se, com a devida vénia, a crítica que o escritor, ensaísta e professor universitário Onésimo Teotónio Almeida dirige à chamada hipótese Sapir-Whorf, num dos capítulos de A Obsessão da Portugalidade (2017).
Cf. «E um verso em branco à espera de futuro»
5. Ao encontro das críticas da escritora moçambicana Paulina Chiziane a certos dicionários (ler Notícias), a professora universitária e linguista Margarita Correia realça a capacidade que a lexicografia atual tem de se tornar isenta, evitando enviesamentos e preconceitos, em artigo de opinião publicado no Diário de Notícias em 22/05/2023 e transcrito em O Nosso idioma. Na mesma rubrica, inclui-se ainda um apontamento da professora Carla Marques sobre o que distingue a atividade de um gramático do trabalho de um linguista.
6. Retomando o grande tema da presente Abertura e em jeito de homenagem, fica, por último, a apresentação de um filme de 2018, homónimo da obra mais famosa do ensaísta português – O Labirinto da Saudade, obra de Miguel Gonçalves Mendes dedicada precisamente a Eduardo Lourenço e ao seu pensamento.
1. Pode dizer-se que os destaques mediáticos do momento, em Portugal, são a continuação (rocambolesca) das audições da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a respeito da gestão da companhia aérea TAP, e, no plano internacional, a guerra na Ucrânia. Mas as notícias são múltiplas, heterogénas e nas línguas mais diversas, e daí assinalar-se o lançamento de uma plataforma, a Monitio, uma iniciativa internacional que permite monitorizar e até traduzir o muito que se publica nos media (ver Notícias). A disponibilização de conteúdos de informação convoca também questões sobre a imparcialidade e a isenção dos serviços públicos da área, como é o caso da Rádio e Televisão de Portugal, cujo contrato de concessão vai ser renovado e é objeto de estudo no Livro Branco do Serviço Público de Média, publicado em maio de 2023. No meio de todas estas preocupações, uma pergunta muito prosaica: como se deve escrever, afinal, media? Assim mesmo, em itálico? Ou também se pode grafar média, como se faz no referido Livro Branco? E que dizer de mídia, nome usado no singular («a mídia») e forma consagradamente brasileira? No Pelourinho, o jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, anota a «saltitante» variação deste termo por quem o escreve e lê nos meios de comunicação portugueses.
2. O superlativo absoluto sintético* forma-se geralmente com o sufixo -íssimo, e, portanto, lindo dá lindíssimo. Contudo, no caso de difícil, a forma mais corrente é dificílimo, que foi transmitida ao português pelo latim, por via erudita. Mesmo assim, até que ponto se aceita a forma regular, "dificilíssimo"? A questão faz parte do total de nove que constituem a atualização do Consultório e englobam ainda os seguintes tópicos: as palavras "esmolecer" e "afeiurado"; o uso de «o que que...» em lugar de «o que é que...»; o valor do advérbio relativo onde; o pronome pessoal medieval elo; as orações subordinadas condicionais e as vírgulas; a grafia de coleóptilo; o significado de tanto associado a verbos; e as expressões «nós dois» e «nós os dois».
* Recorde-se uma outra construção, a do superlativo absoluto analítico, geralmente formado pelo advérbio muito e pelo grau normal de adjetivos e advérbios: muito lindo, muito longe.
3. Sobre a ocupação ilegal de casas, é recorrente o nome okupa, grafado com k. Não será melhor escrever ocupa? Em O Nosso Idioma, a consultora Sara Mourato dedica um apontamento a este fenómeno social e revela a motivação espanhola do termo. Na mesma rubrica, outra consultora, Inês Gama, retoma um tema cuja abordagem requer sempre esclarecimento: a diferença entre língua materna e língua não materna.
4. Em Portugal, em tempos idos, os morangos só apareciam sazonalmente e não eram fruta abundante em certas regiões, sobretudo nas do Sul. Em Diversidades, partilha-se um artigo do especialista em naturalogia Miguel Boieiro sobre a planta que dá os morangos, o morangueiro, de seu nome botânico Fragaria vesca.
5. Em 17 de maio, foi aqui assinalado o Dia das Letras Galegas. Na mesma data, também se festejou o Dia Internacional contra a Homofobia, a Bifobia e a Transfobia, o qual foi ocasião para várias manifestações culturais e políticas. Sobre o impacto da discussão em torno da identidade de género e da orientação sexual sobre os usos linguísticos, sugere-se a consulta dos seguintes textos em arquivo no Ciberdúvidas: "Linguagem neutra, estilo, morfologia", "A gramática e o género", "Mais categorias não nos excluem, aumentam-nos", "Anjos, arcanjos, querubins e serafins", "Ainda sobre o debate em torno da linguagem inclusiva" e "Um gay, uma lésbica, a linguagem e algum preconceito".
Cf. Bromance
6. A hegemonia e a pressão da língua inglesa causam preocupação e são motivo de contestação. No entanto, é sempre proveitoso saber mais sobre a história e as perspetivas deste idioma tão presente nos dias de hoje. Cabe registar, portanto, a conferência "O uso do inglês no século XXI", proferida por Lane Greene, colunista de temas linguísticos no jornal The Economist, em 18/05/2023, na Faculdade das Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa. A sessão foi organizada pelo professor universitário Marco Neves, docente da FCSH, que a promoveu através de um interessante vídeo de introdução ao tema do papel do inglês no mundo contemporâneo – apontamento disponível aqui.
7. Entre os programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa, salientam-se:
– No Língua de Todos, difundido na RDP África, que, na sexta-feira, 19/05/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 09h00*), aborda-se o impacto do ChatGPT na língua portuguesa, com uma conversa com o presidente executivo da Inductiva Research Labs, Luís Sarmento
– No Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 21/05/2023, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 27/05/2023, às 15h30*), o tema em destaque são os preconceitos dialetais, apontados investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Clara Keating,
– Finalmente, em Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido igualmente na Antena 2 (de segunda a sexta-feira, às 09h50* e às 18h50*), o convidado é o administrador do Banco Santander João Pedro Tavares, para falar da linguagem usada nas empresas e no trabalho.
* Hora oficial de Portugal continental.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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