1. Fala-se de sinais auxiliares de escrita para referir os «sinais gráficos utilizados para separar, assinalar ou destacar elementos de uma frase ou de um texto ou com funções convencionadas em contextos específicos de utilização» (Dicionário Terminológico). Neste conjunto, salientam-se as aspas, que, por apresentarem certo grau de diversidade gráfica e não obedecerem a regras estritas, motivam sempre várias perguntas. É o caso da que se encontra em linha na presente atualização do consultório, onde, a propósito do anglicismo scare quotes (literalmente «aspas de aviso, alerta»), se descrevem tipos de aspas e critérios de utilização num texto. Outros tópicos também abordados: a formação do verbo justapor; o uso frásico do verbo gravitar; o valor instrumental de uma construção relativa («com a qual», «pela qual»); a expressão «dar entrada»; o papel das palavras quantificadoras na colocação dos pronomes átonos (me, te, se, o/a, lhe, etc.).
2. Na derivação de diminutivos, toda a gente sabe que nomes como café ou José (ou o hipocorístico Zé) dão origem a cafezinho e Josezinho (Zezinho), que, embora conservem o timbre aberto da vogal e das palavras primitivas, perdem o acento gráfico. É, portanto, estranho insistir-se em escrever "cafézinho" ou "Zézinho"; mas incomensuravelmente mais esquisito é pôr um acento onde ele nunca existiu, como aconteceu com uma figura destacada da vida política portuguesa quando, manifestando-se nas redes sociais, grafou um erróneo "Zéquinha", em vez do correto Zequinha, que vem de Zeca (outro hipocorístico de José). No Pelourinho, um apontamento de João Nogueira da Costa dá conta do caso, que até chamou a atenção do humorista Ricardo Araújo Pereira.
3. Que sentido tem dizer que esta língua é mais antiga ou mais recente do que aquela? As línguas têm idade precisa? Trata-se de uma discussão a que se procura dar resposta nas Diversidades, com a transcrição de um texto da autoria do tradutor e professor universitário Marco Neves e por este publicado no blogue Certas Palavras em 02/08/2018. São considerações pertinentes para refletir sobre a relação entre o fenómeno linguístico e a história social, conforme se pode ajuizar pelas seguintes palavras: «[...] não há um momento em que possamos dizer: esta língua nasceu hoje. Em geral, a linguagem é transmitida sem cortes radicais entre gerações.»
4. Passando ao campo da promoção das culturas veiculadas pela língua portuguesa, é notícia o concurso de tradução literária que vão lançar o Instituto Português do Oriente, o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Universidade de Macau. Trata-se da primeira de várias iniciativas a realizar no âmbito de um novo protocolo que as referidas entidades assinaram em 22/01/2020 no território de Macau.
5. Assinala-se no dia 23 de janeiro a passagem de 115 anos sobre a morte de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905). Caricaturista, ceramista, político e jornalista português dos fins do século XIX, Bordalo Pinheiro é muitas vezes recordado em Portugal, por ter criado em 1875 e popularizado a figura do Zé Povinho, com o gesto que lhe é típico, o chamado manguito. O programa Cuidado com a Língua! (RTP 1) dedicou-lhe um episódio em 02/10/2017. Nele, deu-se especial relevo à fábrica de faianças que fundou e ao museu em sua memória, nas Caldas da Rainha; e a outras curiosidades, a começar pela grafia do seu próprio nome, com ph e dois ll, e agora não. Ou, ainda, aos muitos provérbios alusivos ao humor, ao riso e… ao siso.
6. Um lembrete final, a respeito dos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para rádio pública portuguesa: o programa Língua de Todos tem mais uma emissão na RDP África, na sexta-feira, dia 24 de janeiro, pelas 13h20*, enquanto o programa Páginas de Português é transmitido pela Antena 2, no domingo, 26 de janeiro, pelas 12h30*.
O programa Língua de Todos é repetido no sábado, dia 25 de janeiro, depois do noticiário das 09h00; e o Páginas de Português tem repetição no sábado, dia 1 de fevereiro, às 15h30). Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.