1. Há meio século, em 25 de abril de 1974, desencadeou-se um processo de enorme impacto político e social em Portugal, traduzido na instauração da democracia e na descolonização. O tropel de acontecimentos e as transformações sucessivas – a chamada Revolução dos Cravos – teria consequências forçosas na língua, uma das quais foi a de os países africanos anteriormente controlados por Portugal participarem hoje ativamente na mudança e projeção do português, reforçando o estatuto que o Brasil já lhe conferia como idioma cimeiro entre os mais falados no hemisfério sul. O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa junta-se igualmente à comemoração do 25 de Abril de 1974, com dois novos textos disponíveis na rubrica O Nosso Idioma:
– "50 palavras nos 50 anos no 25 de Abril em Portugal", um balanço léxico-semântico feito pelo jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, que assim recolhe palavras, expressões e tropeções linguísticos emblemáticos destes cinco decénios em Portugal, com destaque para os usos mais marcantes da primeira década da restauração da democracia em Portugal.
– Liberdade conta-se certamente entre os vocábulos mais reiterados em manifestações e discursos políticos nos primeiros anos da democracia portuguesa. Igualmente a propósito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a consultora Inês Gama explora o significado da palavra liberdade.
Na imagem, instalação no átrio principal da Escola Artística António Arroio (Lisboa) realizada por alunos em 2024 no âmbito das comemorações do 25 de Abril.
2. Aproximam-se as eleições europeias, a ter lugar entre 6 e 9 de junho de 2024, e a comunicação social portuguesa dá relevo ao acontecimento, nem sempre da melhor forma. É o caso de uma transmissão da RTP, em 18/04/2024, na qual o verbo vacilar figurava incorretamente como "vassilar". No Pelourinho, a consultora Sara Mourato dá conta do erro e explica a origem de uma confusão comum na língua portuguesa.
3. Deve dizer-se homófobo ou homofóbico? A resposta faz parte do conjunto de seis que atualizam o Consultório e que abrangem ainda outros tópicos: a sigla TVDE; uma oração com a função de agente da passiva; um modificador do nome restritivo; a sintaxe do verbo levar; e a diferença aspetual, no modo indicativo, entre o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito.
4. Voltando à rubrica O Nosso Idioma, transcreve-se, com a devida vénia, da autoria do revisor Gabriel Lago, um apontamento sobre os usos expressivos do ponto final, que foi publicado em 20/04/2024 no mural Língua e Tradição (Facebook).
5. Está disponível um novo episódio de Ciberdúvidas – o podcast, desta vez dedicado ao uso do imperfeito de cortesia, nem sempre bem compreendido entre os falantes e que, em Portugal, é o mote para uma piada velha: «Queria? Já não quer?»
6. Dois registos da atualidade com relação direta e indireta com a língua portuguesa:
– O abaixo-assinado lançado em 21/04/2024 pela Conferência Internacional do Processamento Computacional da Língua Portuguesa (PROPOR) para solicitar aos países lusófonos que se juntem e invistam em modelos de Inteligência Artificial (IA) generativa, de modo a evitar que a língua portuguesa dependa das grandes empresas tecnológicas (cf. Expresso, 24/04/2024).
– O debate de alto nível que a ONU News realizou para marcar os 50 anos da Revolução dos Cravos, reunindo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e os representantes permanentes nas Nações Unidas de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.
7. Finalmente, refiram-se três dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:
– Língua de Todos, programa difundido na RDP África, na sexta-feira, 26/04/2024, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*);
– Páginas de Português, transmitido pela Antena 2 no domingo, 28/04/2024, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 04/05/2024 às 15h30*);
– e também na Antena 2, o programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho, de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.
*Hora oficial de Portugal continental.