1. O filólogo e académico português João Malaca Casteleiro faleceu em Lisboa (no dia 7 de fevereiro), aos 83 anos. Professor catedrático com uma longa carreira na docência universitária, Malaca Casteleiro distinguiu-se nos estudos no âmbito da sintaxe, do léxico e da didática da língua, tendo orientado mais de meia centena de teses de mestrado e doutoramento. Foi também membro da Academia de Ciências de Lisboa, diretor de investigação do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa e presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa. Participou em vários trabalhos conducentes à unificação da ortografia em língua portuguesa, sendo um dos autores do texto do Acordo Ortográfico de 1990. Deixa uma vasta obra científica, na qual se destaca a coordenação científica do Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea, obra que não conseguiu atualizar, como pretendia, e o Dicionário de Língua Portuguesa Medieval (brevemente a ser publicado), coordenado por si, por Maria de Lourdes Crispim e por Maria Francisca Xavier (também recentemente falecida). Em jeito de homenagem e despedida, Margarita Correia, presidente do conselho científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, partilha um texto in memoriam, que transcrevemos em O Nosso Idioma: «Até sempre, Professor Malaca». A informação do falecimento de João Malaca Casteleiro, noticiada pela agência Lusa, mereceu um justificado destaque nas páginas de diversos jornais portugueses – como o Expresso, o Observador, o Correio da Manhã, o Jornal de Notícias, entre outos.. Na rubrica Notícias, deixamos transcrito, com a devida vénia, o obituário escrito pelo jornalista Vítor Belanciano, no jornal Público: «João Malaca Casteleiro (1936-2020), mais do que obreiro do acordo ortográfico». Registe-se, ainda , a evocação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, num comunicado colocado sua página oficial.
Juntamente com o gramático e académico brasileiro Evanildo Bechara, João Malaca Casteleiro foi alvo de uma homenagem promovida pela equipa central do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), com apoio do IILP e da Universidade do Porto, por ocasião da 1.ª Reunião Ordinária do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa (COLP), realizada no Porto, nos dias 7 e 8 de outubro de 2019.
2. A atribuição dos Óscares 2020 da Academia de Hollywood, que decorreu durante a madrugada de 10 de fevereiro, trouxe surpresas que fizeram história, sobretudo pela atribuição do Óscar de Melhor filme a Parasitas, filme sul-coreano que conquistou ainda as categorias de Melhor realizador, Melhor argumento original e Melhor filme internacional (ver notícia). Como acontece em muitas ocasiões, falar do vencedor implica também falar do derrotado. E, de facto, é previsível que, nos próximos dias, muito se fale do filme que era considerado o grande favorito: 1917, de Sam Mendes. O que já não é tão certo é que o apelido do realizador britânico seja bem pronunciado no espaço mediático português, como assinala a professora Carla Marques, num apontamento intitulado «É "Mendch" e não "Mendèsh"».
A cerimónia de atribuição dos Óscares justifica que aqui se recorde que a palavra Óscar é um nome próprio (que pode também ser usado como nome comum) que tem como plural Óscares. Este lembrete, já por diversas vezes recordado, mantém a sua pertinência uma vez que continuamos a encontrar textos onde se usa o termo inglês "Oscar/Oscars": «A lista de vencedores dos Oscars 2020» ou «Oscars 2020: Estes são os vencedores da noite». Esta opção não tem justificação dado que a tradução da palavra já entrou na língua portuguesa, estando mesmo dicionarizada, como se recorda na resposta «Oito "oscars" / oito óscares». Desta palavra têm derivado outras, num processo de criação lexical, como é o caso do verbo oscarizar, do particípio oscarizado ou do adjetivo oscarizável (como se recordou, por exemplo, na Abertura de 25 de fevereiro de 2019). É ainda de referir que o verbo nomear rege a preposição para, como se esclareceu em «Nomeado para 10 óscares».
3. O léxico científico próprio de cada área do saber pode mobilizar palavras de maior complexidade, tanto no domínio da ortografia como no da ortoépia. Exemplo disso são os pares de palavras assimptota/assintota e assímptota/assíntota, que aqui se analisam para determinar se se trata de uma palavra grave (paroxítona) ou esdrúxula (proparoxítona) e qual a grafia correta antes e depois do Acordo Ortográfico de 90. No Consultório, determina-se ainda a origem e evolução do regionalismo escolateira. Já no plano semântico, trata-se uma questão sobre a correção do uso das palavras alvo e objeto em referência a seres humanos. Uma outra questão pretende determinar a correção do uso do verbo ter com significado existencial. Por fim, regressamos aos relativos. Desta feita para identificar a função sintática desempenhada por quem no interior de uma oração subordinada substantiva relativa.
4. No âmbito das notícias relacionadas com a língua portuguesa, destacamos o Encontro de Escritores Lusófonos, organizado pelo Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora, que terá lugar no dia 13 de fevereiro, na Biblioteca Camões, em Lisboa (notícia).