Podemos afirmar que o verbo ouvir é irregular, uma vez que apresenta dois radicais, ou seja, na 1.ª pessoa do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do conjuntivo temos presente o radical ouç-, enquanto nos restantes tempos e pessoas temos o radical ouv-.
Para identificar o radical dos verbos regulares ou irregulares, é necessário retomar algumas noções gerais de morfologia, conforme se descreve abaixo.
Na estrutura interna de um verbo, poderemos considerar o radical, a vogal temática, que permite identificar o tempo e/ou o modo, e a desinência, que dá informação sobre a pessoa e/ou o número. Por exemplo, a forma amará pode segmentar-se em am + a + r + á, respectivamente radical, vogal temática, que identifica o futuro simples e desinência, que aponta para a terceira pessoa do singular. O radical e a vogal temática constituem o tema. O tema de amar é ama-.
Na grande maioria dos casos, o radical termina numa consoante a que se associa a vogal temática (ou vogal de ligação, em verbos irregulares1). Os verbos irregulares, no entanto, afastam-se do modelo de conjugação dos verbos regulares, apresentando alterações no radical e/ou nas suas desinências.
1 Sobre verbos irregulares numa perspectiva tradicional, ver Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984; 410/411).