Considera-se que há elipse, quando, para evitar redundâncias, se omitem constituintes numa frase ou oração que podem ser recuperados por intermédio de outra. Penso que o exercício apresentado é discutível, porque aborda um tema controverso da análise gramatical. Assim:
1. Quer na frase 2 quer na frase 5 ocorre a conjunção coordenada e a ligar orações coordenadas. Alguns gramáticos, tendo em conta que e é uma conjunção coordenativa copulativa e, portanto, só pode operar sobre orações, diriam que há elipse em ambas:
(2)´ Não faz brotar amantes e (não faz brotar) amantes
(5)´ O amor brota melhor e (o amor brota) antes.
Mas, segundo outros autores, a coordenação também ocorre com outros tipos de constituinte. Nesse caso, consideraríamos «Não faz brotar amor e amantes» uma única oração em que existe uma estrutura de coordenação que integra dois complementos directos («amor» e «amantes»).
Contudo, a interpretação (5)´ pode não ser a mais adequada. Com efeito, se é possível ler «o amor brota melhor e brota antes», outra leitura parece mais consistente: «o amor brota melhor e (quando brota melhor é) antes». Apesar de «melhor» e «antes» serem adjuntos adverbiais, o que poderia dar passo à sua coordenação, a interpretação alternativa é legitimada pelo facto de haver uma relação hierárquica entre tais adjuntos, porque «antes» modifica não o verbo «brota» mas sim a sequência «brota melhor». Por isso, pode falar-se de elipse em (5) uma vez que se afasta a repetição de «brota melhor». No fundo, a coordenação de «antes» no verso de Chico Buarque acaba por ser uma engenhosa forma sintáctica de destacar este advérbio em relação à oração a que está coordenado.