A variação raramente é bem vista pela gramática mais tradicionalista ou pelas necessidades administrativas de um país, as quais requerem um uso linguístico mais estável. Se a variação regional pode, por vezes, ser valorizada no nível lexical (por exemplo, em Portugal, acha-se pitoresco que se diga testo em vez de tampa), muitas vezes é a pronúncia que é alvo de censura. Estas atitudes resultam de se encarar a norma-padrão como o uso legítimo da língua e ver nos dialectos regionais ou sociais meras deturpações deste modelo, às vezes acertadamente (uma forma surge, por variadas razões, como alteração de outra), mas frequentemente ignorando aspectos históricos e estruturais do sistema linguístico mais vasto a que pertence o padrão.
Este comportamento é fácil de entender, quando se reconhece, de qualquer modo, que um certo grau de uniformidade linguística é necessário, por exemplo, na administração, na organização da escolaridade e no ensino da língua a estrangeiros (cf. A pronúncia-padrão).
Perante a atitude de censura à variação, Maria Helena Mira Mateus et aliae (Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 34) defendem o seguinte:
«A diversidade, no interior de uma língua, é, pois, uma realidade a preservar e a defender, uma vez que é factor constitutivo da própria história da língua, nos locais onde é utilizada.»
Penso que actualmente se está a retomar a noção de norma, mas com consciência de que também existem normas locais. No caso do português, esta perspectiva é mesmo necessária, pois permite a coexistência de várias normas nacionais, a saber: a angolana, a brasileira, a moçambicana, a portuguesa, entre outras que eventualmente surjam nos restantes países e regiões onde se fala português.