É preocupante o que se denuncia em "Os erros de escrita não são inevitáveis", mas considero os erros de sintaxe ainda mais preocupantes que os ortográficos.
Em todos os meios de comunicação [portugueses], com frequência cada vez maior, os nossos líderes exprimem-se como se segue:
«(Os nossos avós têm experiências) que são importantes partilhar.» [Renato Pais, pedagogo; em "Jornal de Notícias", 26. 12. 2012, pág. 8]
Será pacífico que o referente desta predicação subordinada não são as experiências dos avós, mas a sua partilha. Por isso, o sujeito é partilhar e o que é complemento direto. Como o predicado concorda, em número, com o sujeito e não com o complemento direto, a predicação terá de ser: … que é importante partilhar (equivalente a … partilhá-las é importante).
Depois de dias de incerteza e inquietação, li a (maravilhosa) notícia que assegura a continuidade do vosso trabalho.
De facto, é muito reconfortante assistir ao reconhecimento do valiosíssimo trabalho que nos prestam, mais a mais, num tempo "cego" como este.
Boas férias!
Venho por este meio manifestar a minha total preocupação e revolta relativamente a um eventual (segundo dizem, quase certo) fim do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
Acho repugnante (à falta de outro adjectivo) que permitam que um serviço de excelência e inegável contributo para a defesa da nossa língua termine desta forma vergonhosa…
Se pudesse, dalguma forma, contribuir para que este valioso projecto, que, de resto, acompanho há anos e quase diariamente, continue, fá-lo-ia, mas a única forma que, para já, tenho ao dispor é esta – exprimir a minha surpresa perante esta notícia perturbante...
Faço votos sinceros e sentidos de que o sítio do Ciberdúvidas perdure, pois acredito que a sua ausência – apesar do vasto arquivo electrónico que disponibilizam a todos, mundialmente, através do site – é uma verdadeira “facada” na preservação da nossa cultura linguística e um desrespeito pelo povo português que, ao contrário de muitas pessoas, se “autoinstrui”, difunde e defende o idioma luso, como eu!... E uma língua com a importância da nossa merece que existam trabalhos destes, feitos por pessoas extraordinárias e devidamente reconhecidas!...
Tenho aprendido imenso com este sítio nos últimos anos e divulgo-o sempre que posso, com o maior sorriso de orgulho na cara!...
Agora, por favor, não deixem que este meritoso trabalho termine!
Muito obrigado!
E, mais uma vez, os meus parabéns ao Ciberdúvidas! E vivam os seus precursores!
* Mensagem deixada no Facebook do Ciberdúvidas (escrita conforma a ortografia de 1945).
Não posso deixar de me manifestar diante da página de Abertura Ciberdúvidas: o eterno retorno do risco de extinção, bem como do editorial Ciberdúvidas, um projecto em risco, que aponta e lembra sobre o risco de extinção deste sítio/proposta/produto que é fundamental para o planeta.
Ninguém pode desconsiderar a importância da língua portuguesa no e para o mundo; ainda mais se consideramos a notícia, na mesma página de Abertura, informando que «dezasseis universidades da República Popular da China lecionam o português. E, em Macau, quantos autores persistem em escrever na língua de Camões?»
Além do mais, o avanço que o Brasil vem alcançando em nível internacional (em todas as frentes) é importante fator de justificativa para o mantenimento do sítio/site que, sendo de origem portuguesa, é também nosso, por razões históricas (BR-PT) e devido à abertura total de fronteiras em tempos de rede de Internet.
Não trabalho qualquer texto sem estar com Ciberdúvidas já aberto, para a consulta que se fizer necessária. Sei que outros/as professores/as e acadêmicos/as fazem o mesmo, indicando o site para alunos/as.
Não tenho ideia de "como" seguir, mas o que sei é que o mundo, o planeta precisa de vocês, apesar da crise que foi imposta a países "menores" na Europa.
Ao abrir o Ciberdúvidas, estranho que já parta de férias, e depois vejo porquê – nada li nos jornais.
Não é possível o Ciber acabar! Como professora de Língua Portuguesa e revisora, é a ele que recorro, já que os portugueses – também na língua – são desmazelados: não há dicionários, (quase) não há gramáticas, nem VOP que nos valham – o único tira-teimas é o Ciber. Como invejo os franceses!
Por isso, há que tocar a rebate: nos jornais, nas TV, uma petição, esta por um muito bom motivo. Não fazer nada é que não! Como mísera e mesquinha cidadã, não vejo como posso ter voz, mas o Ciber tem de fazer alguma coisa!
Termino com felicitações pelo bem que fazem à língua e com o meu maior agradecimento pelas dúvidas que me esclarecem!
Quero realçar o excelente labor de Eunice Marta que tem tido em todos os esclarecimentos:
Claros, sabedores, concisos, bem fundamentados. [...]
A propósito, entretanto, da resposta sobre a expressão «ter a mania», os latinos, com toda a propriedade, diziam o seguinte para definirem gente assim: Laus in ore proprio villescit.
Parece que ninguém acredita nem dá importância a isso!
Que português usar? O europeu? Ou o brasileiro?
Prosseguindo a nossa reflexão e a nossa partilha, hoje vamos falar de «o complemento oblíquo e as preposições».
Outro filho bastardo do tratamento fragmentário da comunicação linguística é o complemento que, pela abordagem enviesada de que é vítima, só podia mesmo ser oblíquo.
Consideremos a sua versão preposicional.Numa perspetiva sistémica, as preposições, que supostamente o introduzem (supostamente preposições e supostamente introdutoras), não são mais nem menos que conetores de predicado, entre o predicador e o nome ou a expressão que se segue, construindo uma unidade de sentido. Temos, assim, numa visão integrada, conetores de narrativa/texto (… em primeiro lugar… no dia seguinte … lá chegados … concluindo e resumindo …), conetores de oração (conjunções) e conetores de predicado (apelidados de preposições, mas que não são preposições, nem posposições, mas sim interposições, se quisermos entender-nos nesta nomenclatura espacial, muito do agrado das gramáticas que por aí andam, mas pouco adequada à natureza semântica da comunicação verbal). Diz-nos a lógica, e até a intuição, que a coesão linguística não pode terminar na relação das frases/orações entre si, pela simples razão de que as relações semânticas prosseguem no interior de cada uma. Não podemos alterar o modelo de análise a meio do processo, sob pena de não atingirmos o objetivo. Na matemática, isso é claro e ninguém contesta: no meio de um cálculo, ninguém muda a unidade de medida…
Vejamos:
- Ir a Braga
- Ir ao cinema
- Ir de carro
- Ir à boleia
- Ir a pé
- Ir de pé
- Ir de palhaço
- Ir a gosto
- Ir ao médico
- Ir à fonte
- Ir à…
Complemento?!... Oblíquo??!!... Não! Trata-se de algo muito mais central, muito mais íntimo, muito mais necessário à constituição do predicado! Relativamente ao velhinho e gasto complemento circunstancial, foi pior a emenda que o soneto!
Será possível indicarem-me onde e como poderei obter, de preferência por via electrónica, documentação científica e metodológica que, penso, terá servido de base ao Acordo ortográfico de 1990?
Grato.
A TLEBS aplica-se aos ensinos básico e secundário.
No entanto, no caso de alunos que tenham estudado o Conhecimento Explícito da Língua, através da nova terminologia e que no ensino superior tenham as disciplinas como Sintaxe e Semântica do Português, Linguística, etc., vão, neste caso, voltar a estudar a antiga terminologia? A minha questão é se o ensino superior está, atualmente, em articulação com a TLEBS.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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