A regra de que «o nome das unidades só passa ao plural a partir de dois inclusive» é uma recomendação do Bureau International des Poids et Mesures (BIPM).
Ora as regras existem para que haja univocidade, para que as pessoas se entendam melhor. Mesmo quando normas internacionais têm a vantagem, por exemplo, de permitir a leitura ou a execução de projetos em países diferentes daqueles em que o estudo foi feito.
Na índole da nossa língua, o sentido que temos de plural de uma grandeza singular (ex.: livro) é o de uma quantidade superior a uma unidade (ex.: livros) e daí a indefinição em valores inferiores a dois. Mas repare que se dissermos *«um e meio livros» não estão nessa ideia dois livros mas «um livro mais meio livro» (e cá está o singular). Nos valores decimais, não podemos dizer *«vinte e uma centésimas de livros», mas «vinte e uma centésimas de livro» (e cá está o singular novamente).
Por outro lado, uma norma não pode ser fixa para sempre, pois, em princípio, deve ser revista periodicamente, para atender à evolução dos conhecimentos (hoje exponencial com o advento da informática). Além disso, pode a norma colidir com os hábitos fixados por determinada comunidade linguística escolarizada (considerada modernamente soberana na sua língua [com algumas reservas, na minha opinião...]).
Assim, embora, em rigor, de acordo com a regra do BIPM, se deva dizer «zero grau centígrado», se a comunidade preferiu adotar a expressão: «zero graus centígrados», equivalente neste caso à ideia de que `não há nada de graus centígrados´ (como se diz: «aqui não há nada de carros»), a expressão poderá ter defesa do ponto de vista linguístico. Além de que uma norma deste tipo não impõe a exigência, por exemplo, que pode impor uma norma de instalação de elevadores, nas quais um acidente é susceptível de implicar que fique a contas com a justiça o responsável pelo não cumprimento do que está prescrito...
Voltando ao princípio, contudo, e pelas razões apontadas, penso que é sempre conveniente não ignorar as normas. Também ninguém é ainda preso por dizer *«eles hadem»...
Ao seu dispor,