A forma correta é «um milhão e uma pessoas», com «pessoas» no plural, tal como acontece quando se diz «um milhão de pessoas» ou como sucede com mil, quando se diz «mil e uma pessoas». O facto de milhão requerer a preposição de se não for imediatamente seguido de outro numeral («um milhão de pessoas») não implica que, em referência ao número imediatamente superior a «um milhão» – «um milhão e um» –, fique subentendida a expressão «de pessoas» e que o numeral um fique associado a um singular. Por outras palavras, o numeral não subentende «um milhão [de pessoas] e uma pessoa».
Sobre o uso de milhão, cite-se a Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pág. 933; o * indica agramaticalidade):
«[...] Os numerais da classe dos milhões são formados com base no cardinal especial milhão, que é lexicalmente um substantivo. Os diferentes numerais são obtidos através de quantificação por meio de numerais cardinais comuns (p. e., um milhão, três milhões). Milhão, bilião, trilião, etc. são numerais especiais. São, como se disse, cardinais especiais. Por esse facto, os numerais cardinais que denotam unidades destas classes e que não sejam seguidos de outros numerais ligam-se ao grupo nominal que forma o domínio da quantificação através da preposição de: assim, tem-se um milhão de manifestantes (vs. *um milhão manifestantes) a par, p. e., de uma dúzia de manifestantes (vs. *uma dúzia manifestantes); no entanto, se qualquer uma das ordens das classes dos milhares ou das unidades for lexicalmente referida, a preposição não ocorre: p. e., um milhão e quinhentos mil manifestantes; um milhão e três manifestantes.»
Da última frase desta passagem depreende-se que é uma sequência correta a expressão «um milhão e um manifestantes», porque, por um lado, marca sempre pluralidade, faça-se acompanhar de preposição ou não; por um lado, encontrando-se a ordem das unidades marcada lexicalmente, milhão comporta-se como mil («mil e um manifestantes»). Sendo assim, a expressão «um milhão e uma pessoas» está igualmente correta.