É uma expressão que parece bastante recente e que encontra uma versão mais completa em «não basta ter caneta, tem de ter caneta» (ou numa versão mais popular «tem que ter caneta»), como sugere o seguinte exemplo:
(1) «A função dele é criar uma base governista. E, para criar a base governista, não basta lábia, tem que ter caneta. Não basta ter caneta, tem que ter tinta na caneta.» ("Um projeto para 20 anos", Crusoé, 27/09/2019)
Pelo contexto, depreende-se que a frase feita – um aforismo, isto é, uma frase curta, que encerra uma reflexão genérica com alcance prático ou moral – encerra uma imagem do exercício do poder, em que «caneta» funciona como metonímia do ato de assinar decretos, ou seja, como instrumento que inscreve atos de autoridade. A expressão pode, portanto, ser entendida como uma advertência a quem tem de saber encontrar meios para alcançar a sua ambição. O dito parece, portanto, próximo de «não se fazem omeletes sem ovos», literalmente equivalente a «é impossível produzir sem matéria-prima» (Madeira Grilo, Dicionário de Provérbios, 2009) ou, mais prosaicamente, «as coisas não nascem do nada».