A Nova Terminologia apresenta algumas propostas distintas das que tradicionalmente nos habituámos a ver, mas que não ocorrem pela primeira vez na Terminologia. O predicativo do sujeito, ou melhor as características do verbo copulativo, é uma das áreas em que a investigação linguística trouxe propostas diferentes, já reconhecidas, diga-se, por gramáticos normativos como Bechara, na sua Moderna gramática Portuguesa: Revista e Ampliada, 37.ª edição, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2001. Diz este autor na página 426, que os verbos copulativos têm como predicativo, para além de nomes e adjectivos, outras classes gramaticais. E dá como exemplo:
– Os vizinhos estão bem.
– A mesa parece de madeira;
– Nós somos do Norte.
Etc.
Inês Duarte, na Gramática da Língua Portuguesa de Mira Mateus e outras, 5. ª edição, revista e aumentada, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, dedica algum espaço, a partir da página 538, às frases copulativas, defendendo, como se regista na Terminologia e como apoia Bechara, que o verbo copulativo, o é em quaisquer circunstâncias, variando o tipo de relação que estabelece com o sujeito. A variação dessa relação é condicionada pelas características do predicativo e não do sujeito, nem do verbo.
No CD-ROM que referiu, na entrada «predicativo do sujeito» (NPS), diz-se que o NPS pode ser um grupo nominal «O João é professor de Matemática»; adjectival «Os alunos estão muito interessados»; preposicional «A Joana ficou na escola», adverbial «A minha casa é aqui».
Segundo Inês Duarte, o que caracteriza o verbo copulativo é o facto de ele veicular sempre uma informação – predicação – referente ao sujeito. Quando essa predicação é um grupo nominal ou adjectival, o predicativo concorda em género e número com o sujeito, o que não acontece quando é um advérbio ou um grupo preposicional.
A interpretação que encontramos na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, tenderá a dar lugar à nova análise, porque esta é fruto de investigação recente. Não esqueçamos que a gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra tem a sua primeira edição em 1984 e nunca mais foi revista. E dificilmente o será, pois os autores já faleceram…
Gostaria ainda de acrescentar que o CD-ROM que está a chegar às escolas e que foi apresentado oficialmente em Novembro de 2003, é o material de apoio mais completo para compreender a Portaria 1488/2004, de 24 de Dezembro, publicada no Diário da República n.º 300, a qual coloca em “letra de lei” a Nova Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, revogando a Nomenclatura Gramatical Portuguesa, em vigor desde 1967, correspondente à Portaria n.º 22 664/67, de 28 de Abril.
Acrescento uma última referência relativa à classificação que propõe para «no meu posto», complemento da frase «Fiquei no meu posto». Celso Cunha e Lindley Cintra, consideram, na página 144, este tipo de complemento como sendo um complemento indirecto, por se ligar ao verbo através de uma preposição. Com efeito, se levarmos à letra o sentido de complemento circunstancial (CC), «no meu posto» não pode ser um CC, dado que não pode ser retirado da frase, o que faz dele, não circunstancial, mas sim essencial. Tradicionalmente tem-se considerado – e foi assim que nós aprendemos – estes complementos como circunstanciais, do mesmo modo que em «Eu vou a Lisboa» se considerava «a Lisboa» CC. A Nova Terminologia interpreta estes complementos como complementos preposicionados, definindo-os como complementos que a) são essenciais para completar o verbo; b) se ligam ao verbo através de preposição; c) não equivalem ao beneficiário (ou meta), ou seja não são complementos indirectos, na verdadeira acepção da palavra.