Em nome do Ciberdúvidas, agradeço o seu comentário, mas gostaria de fazer três pequenas observações:
1. No texto em referência, o que se discute são os critérios adoptados num dos vocabulários ortográficos — o Vocabulário Ortográfico do Português do ILTEC —, que, no momento em que escrevo, é ainda passível de revisões e correcções.
2. O AO não consagra a eliminação do hífen. Indica só a sua supressão, «salvo algumas excepções já consagradas pelo uso», nas palavras complexas que incluam formas de ligação (como preposições, p. ex., «fim de semana») e não sejam designações zoológicas e botânicas (cf. n.º 6 da Base XV do AO). Sem hífen também se passará a escrever em Portugal o verbo haver quando usado como auxiliar (cf. Base XVII, n.º 2 do AO): «há-de chegar tarde» (antes do AO) > «há de chegar tarde» (com a adopção do AO).
3. A saudação «bom dia» não vai ser hifenizada, mas a verdade é que também não o era nem à luz do Acordo Ortográfico de 1945 nem de harmonia com o Formulário Ortográfico de 1943 (que vigorou no Brasil até final de 2008). A forma que era e continuará a ser hifenizada, tanto em Portugal como no Brasil, é a designação dessa saudação, ou seja, bom-dia, conforme se pode verificar quando se compara, por um lado, o Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947), de Rebelo Gonçalves, a primeira edição do Dicionário Houaiss ou a do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa com, por outro lado, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras, o VOLP da Porto Editora e o Vocabulário Ortográfico do Português do ILTEC.