O significado de labento nos versos referidos é fugaz, efémero, inconstante e sinónimos afins. Situa-se no mesmo campo semântico que lábil, labilidade.
Labento – que não aparece nos dicionários da nossa língua – parece ser uma invenção de Fernando Pessoa, tão ao jeito dos latinismos de Ricardo Reis. Será um erro de transcrição? Deveria ser, porventura, labente, porque deriva do particípio presente labens, do verbo latino labor, eris, i, lapsus sum (cair, escorregar, etc.). Veja-se, por ex., o ablativo absoluto de Virgílio: labente anno, «encaminhando-se o ano para o seu fim». A desinência latina -ens em geral dá -ente em português:.Por exemplo: dolente, sapiente, continente, presidente, etc.
O significado (bem claro no poema) gira à volta da transitoriedade e fugacidade da vida.
Por outro lado, não sei se labento será um hápax legómenon (algo dito só uma vez) mesmo em Fernando Pessoa. Virá tal adjetivo a ter um uso corrente? Duvido. Mas aí está ele, e não figura mal no ritmo dos melancólicos versos de Ricardo Reis.