Sempre é, neste contexto, não um adverbial temporal, mas uma partícula modal. O valor que a palavra assume na frase não é a de referir que o intervalo de tempo da acção é ilimitado, como em
«O Sol põe-se sempre a poente.»
«O Zé veste sempre a camisola do avesso.»
Antes tem a função (pragmática) de assinalar uma contra-expectativa do locutor ou de que o locutor faz eco, como em:
«Sempre vieste!»
«O Sporting sempre ganhou.»
«Sempre chumbaste...»
«Sempre és tu, Rui!»
Sempre, partícula modal, ocorre anteposta ao verbo e pode ser reforçada por afinal:
«Afinal, sempre vieste.»
Sobre partículas modais, ler:
Franco, A. 1988 – "Partículas modais da língua portuguesa: (relances contrastivos com as partículas alemãs)", Porto, FLUP.
_______ 1990 – "Partículas modais do português", Porto, FLUP.