DÚVIDAS

Regências de crer e pensar

As regências verbais estão me deixando desesperado! Por favor, ajudem-me! Os verbos crer, pensar, acreditar, gostar, avisar, etc. penso eu que são transitivos indiretos, mesmo quando em orações principais de subordinadas substantivas. Quem «crê», «pensa», «acredita», «gosta»... «crê em», «pensa em», «acredita em», «gosta de», etc. Exemplos: «Ele crê em que você o ajudou», e por aí vão os outros exemplos. Já me informaram de que são transitivos diretos quando principais de subordinadas substantivas. Afinal, em «Eu penso que você é útil a mim», o verbo pensar com o em elíptico continua sendo transitivo indireto, ou não?

Resposta

De facto, as regências verbais trazem muita discussão e diferentes considerações. Inclusivamente, a norma de Portugal e a norma do Brasil têm, nalguns casos, regências diferentes.

Os verbos que são mencionados, e outros, podem ser transitivos indirectos e também directos. O verbo crer também pode ser transitivo directo; por exemplo, na frase «creio-o boa pessoa...», é equivalente a «creio que ele é boa pessoa».

Outro exemplo de transitivo directo (muito usado em poesia): «penso-te...» (= «penso em ti»).

Outro ainda: «não o acredito capaz de tal acto» (= «não acredito que ele seja capaz de»).

Na norma brasileira diz-se: «eles gostam-se» (= «gostam um do outro»).

Na frase apresentada (norma brasileira), «eu penso que você é útil a mim», considero o verbo pensar transitivo directo. A frase que se segue a «eu penso», introduzida por que, é o objecto directo da oração anterior: «eu penso O QUÊ?»;  resposta: «que você me é útil a mim.»

Espero ter clarificado um pouco mais este campo linguístico tão discutível.

Nota: Em Portugal costumamos dizer: «ele crê que você o ajudou.» Em casos semelhantes, com outros verbos de características idênticas, costumamos omitir a preposição (por ex.: «ele pensa ir viver para o Brasil»).

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa