Não há consenso sobre a classificação do elemento recém-, que, nas gramáticas e dicionários, pode ser classificado quer como prefixo quer como elemento de composição. Pode afirmar-se que recém- é um prefixo, porque funciona como os prefixos. Mesmo assim, não se deve rejeitar a classificação de recém- como elemento de composição, dada a sua relação com recente e recentemente.
Por um lado, a forma recém- aparece descrita como resultado de apócope, isto é, a que faltam segmentos finais ou até uma sílaba – neste caso, o -te de recente (num uso adverbial, idêntico ao advérbio recentemente) –, o que levaria a classificá-la como um elemento de composição (cf. recém- no Dicionário Houaiss) e a incluir recém-chegado entre palavras compostas que contam com advérbios entre os seus constituintes (ex. bem-vindo, maltratado). No entanto, verifica-se que já em 1966 se classificava recém- como prefixo (cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa); e o mesmo se faz na Gramática Derivacional do Português (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016, p. 446), de Graça Rio-Torto et al., na qual recém- figura entre os prefixos de localização espaciotemporal.
Atendendo ao caráter adverbial de recém-, por um lado, e à maneira como se associa a outra palavra como se fosse um prefixo, não é, portanto, descabido incluir este elemento entre os chamados «pseudoprefixos» ou «falsos prefixos», ou seja, elementos que, não sendo originariamente prefixos, acabaram por ser usados como tal.