A palavra dramaturgia provém do grego dramatourgía,as e significava «composição ou representação de uma peça de teatro». Entrou na língua portuguesa através do francês com o sentido atual de «arte de compor peças de teatro».
As palavras representar e representação, que remetem também, mas não só, para o universo do teatro, vêm do latim, respetivamente do verbo representare («apresentar, estar presente, comparecer») e do nome repraesentat(i)o,ónis («pagamento com dinheiro à vista»).
A palavra performatividade, embora não esteja atestada no Vocabulário Ortográfico do Português (quer no da Academia Brasileira de Letras, quer no do Portal da Língua Portuguesa), faz parte do léxico das artes performativas, ou seja, artes que implicam um ação [corporal] do artista, normalmente num palco defronte de um público, como o teatro, a dança, o circo, chamadas também de artes cênicas (PB) ou cénicas (PE) por se desenvolverem habitualmente numa cena, ou seja, num palco. Há registo de ocorrências deste termo no Corpus CetemPúblico (notícias do jornal português Público), mas não há registo de ocorrências no Corpus CetenFolha (notícias do jornal brasileiro Folha de S. Paulo), nem no Corpus Brasileiro.
Embora o contexto das ocorrências detetadas não indique um sentido unívoco para este termo, poderemos referir que, sendo formado a partir da palavra inglesa performance, que desde 1610 é usada para referir a «ação de apresentar em público uma peça de teatro» (cf. Online Etymology Dictionary), ao se juntar o sufixo -idade (sufixo formador de substantivos abstratos com o sentido de «qualidade ou característica do que é x») resulta o significado «qualidade ou característica do que é apresentado em público» no âmbito do teatro [e também das outras artes de palco].
A partir de algumas das ocorrências acima referidas, podermos ver a utilização da palavra performatividade como uma referência à ação do artista [no tempo] que rompe com o caráter estático [no espaço] de outras formas artísticas, mesmo quando se refere a artes ditas "não performativas", como é o caso de Gilbert & George, referidos num dos exemplos:
«Essa encenação aposta num valor de performatividade (negando o registo do "instante" na fotografia), na medida em que aposta na possibilidade fantasmática do retrato, nas suas possibilidades enquanto instrumento de realização de um ideal do Eu.»
«De Gilbert & George, cujo conceito de esculturas vivas repensa as condições de fetichização da arte e propõe, num plano de performatividade, o retorno a uma acção directa sobre a realidade circundante.»
Para além de ser usada no meio artístico, âmbito no qual parece centrar-se a pergunta da consulente, a palavra performatividade é usada também em diferentes áreas do conhecimento, com um sentido decalcado da palavra inglesa performativity. Por exemplo: na linguística, relacionando-se com a manifestação da competência dos falantes de uma língua ou com os atos performativos; nas ciências da educação, relacionando-se com o desempenho quer de alunos, quer de professores; nos estudos culturais e nos estudos de género, como conceito de realização discursivo da identidade dos indivíduos.