Em primeiro lugar quero salientar que não sou tendenciosa em relação ao uso de qualquer variante da língua portuguesa. Obviamente que com a minha resposta anterior não tinha intenção de privilegiar a variante português europeu em função da variante português brasileiro.
No universo da língua, as variantes são todas legítimas, logo, a variante brasileira do português é tão legítima como a variante do português europeu, a variante do português de Angola ou qualquer outra variante. A variabilidade enriquece a língua. As diferenças linguísticas numa variante, em relação ao que está normalizado noutra, não devem ser consideradas erros ou formas incorrectas mas variantes numa língua comum.
Para mim, a linguagem que obedeça à norma aprovada no Brasil é tão legítima e correcta como a que obedeça à norma aprovada em Portugal. A língua é utilizada pelos seus falantes como objecto social para comunicar. Dentro desta perspectiva, as diferenças que apontei nas variantes português brasileiro e português europeu são todas válidas porque cumprem o seu papel de comunicar. Se não tivermos isso em conta, desvalorizamos a riqueza e a variedade do nosso meio de comunicação, a língua.
Não julgo desnecessárias as informações que dei na minha resposta Os advérbios rapidamente e rápido. Percebi perfeitamente que a consulente não era falante da variante do português Brasil por razões linguísticas relacionadas com a ortografia, a sintaxe e o léxico. No entanto, penso que não é demais esclarecer os consulentes que existem variantes nas línguas e que nessas variantes podem existir diferenças linguísticas. Se as variantes existem, porque não mencioná-las?
Como menciona, a consulente Maria Eduarda Nunes referia-se ao uso temporal e não geográfico do advérbio formado a partir do
adjectivo. As línguas são seres vivos que estão em permanente evolução e mudança. A utilização frequente de adjectivos adverbializados é resultado das mudanças que ocorrem na língua.
Na minha resposta à pergunta queria apenas esclarecer que as duas formas adverbiais, rápido e rapidamente, estão correctas tanto no português europeu como no português brasileiro. No entanto, o meu parecer continua a ser o mesmo: existe uma tendência mais forte para utilizar os advérbios em -mente no discurso escrito e formal no português europeu do que existe no português brasileiro. Não é um erro ou «rebeldia brasileira», como o consulente Marco A. Dorneles menciona, mas um fenómeno relacionado com a variação linguística entre as duas variantes.