A acentuação de Maláui 1 parece decorrer da norma segundo a qual se prevê que casos como os de Piauí tenham acento gráfico sobre o i tónico final. Lê-se no Acordo Ortográfio da Língua Portuguesa de 1990, Base X, 5:
«Levam, porém, acento agudo as vogais tónicas/tônicas grafadas i e u quando, precedidas de ditongo, pertencem a palavras oxítonas e estão em posição final ou seguidas de s: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús. Obs.: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais dispensam o acento agudo: cauim.»
Este preceito vem do anterior acordo de 1945, da parte final da Base XV:
«Dispensa-se o acento agudo nas vogais tónicas i e u de palavras paroxítonas, quando elas são precedidas de ditongo; nos ditongos tónicos iu e ui, quando precedidos de vogal; e na vogal tónica u, quando, numa palavra paroxítona, está precedida de i e seguida de s e outra consoante. Exemplos dos três casos: baiuca, bocaiuva, cauila, tauismo; atraiu, influiu, pauis; semiusto. Quando as vogais tónicas i e u estão precedidas de ditongo, mas pertencem a palavras oxítonas e são finais ou seguidas de s, levam acento agudo: Piauí, teiú, tuiuiú; teiús, tuiuiús.»
Os textos dos referidos acordos são omissos quanto a casos como os de Maláui, aliás, muito raros. De qualquer modo, apesar da sua redundância, compreende-se o acento gráfico de Maláui, por se tratar de palavra paroxítona terminada em i (cf. táxi, dóri).
Em suma, trata-se de uma área cuja norma terá de ser explicitada cabalmente quanto ao critério de acentuação gráfica, dado observar-se alguma contradição entre dois preceitos.
1 No entanto, na edição de 2009 do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, que já adota a ortografia em vigor, escreve-se Malaui, sem acento gráfico, quando se define o nome pátrio malauiano. Como o nome do país em referência não consta do Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa, publicado em 1999 pela Academia Brasileira de Letras, espera-se que esta instituição venha a incluí-lo numa próxima edição com o devido esclarecimento.