Sem outro contexto que possa concretizar a intenção do falante, estamos em crer que a frase inclui um verbo de ficção1 na oração subordinante, pelo que a opção correta é «Vamos imaginar que queremos achar…»
No caso em análise, estamos perante um complexo verbal formado por verbo auxiliar seguido de verbo principal, «vamos imaginar», que seleciona uma oração subordinada completiva, «que queremos achar».
O complexo verbal em questão tem como verbo nuclear um verbo de ficção, o verbo imaginar. Esta classe integra verbos como fantasiar, fingir, inventar e sonhar, entre outros e caracteriza-se por introduzir uma oração subordinada que expressa uma situação não factual. As situações não factuais são tradicionalmente associadas à seleção do modo conjuntivo, no entanto, no caso dos verbos de ficção, verifica-se que estes selecionam o modo indicativo2. Daí a impossibilidade da frase apresentada em (1) face à aceitabilidade de (2):
(1) «Ele fingiu que fosse ator.»
(2) «Ele fingiu que era ator.»
Pelas razões apresentadas, a frase (3) é aceitável por apresentar indicativo no verbo da subordinada, ao passo que (4) não o é por apresentar conjuntivo na subordinada:
(3) «Vamos imaginar que queremos achar...»
(4) «Vamos imaginar que queiramos achar...»
Todavia, note-se que se o verbo imaginar for utilizado como verbo que exprime a crença, a seleção do modo verbal a usar na oração subordinada já dependerá do grau de crença do falante na situação descrita na oração subordinada. Assim, um grau de crença forte levará à seleção do modo indicativo:
(5) «Ele acredita que o banho lhe faz bem.»
Por outro lado, um grau de crença reduzida determinará o recurso ao modo conjuntivo:
(6) «Ele acredita que um banho lhe faça bem.»
Julgamos, todavia, que na frase apresentada pelo consulente estamos perante o uso de imaginar como verbo de ficção, pelo que se aplica o que ficou dito relativamente a este grupo de verbos.
Disponha sempre!
1. Um verbo de ficção introduz uma situação não factual.
2. Cf. Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1862.