DÚVIDAS

O uso/valor do presente e do imperfeito (indicativo)

É incorrecto eu dizer «Eu quase que jurava que existem outras marcas de roupa», ou teria de dizer «Eu quase que juro que existem outras marcas de roupa»?

Resposta

Pode dizer das duas maneiras, embora haja pequenos contrastes semânticos entres as duas frases.

Assim, em ambas, recorre-se ao advérbio quase para atenuar o compromisso do enunciador com a verdade do conteúdo da oração subordinada («existem outras marcas de roupa»). O advérbio pode ser encarado como uma estratégia para não dar ao enunciado caráter de imposição.

No primeiro caso, o uso do imperfeito aparece como alternativa ao condicional (na terminologia brasileira, futuro do presente) («eu quase que juraria»), ocorrendo, por exemplo, num contexto como «Eu quase que jurava/juraria que existem outras marcas de roupa, apesar de me dizeres que não». O uso do imperfeito ou do condicional atenua ainda mais a força (ilocutória) do verbo jurar, face a um interlocutor eventualmente em desacordo com o sujeito do enunciado.

No segundo caso, o presente do indicativo indica apenas que o compromisso do enunciador com o que declara seria total, se não fosse a ocorrência de quase, que modera a força esse juramento.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa