No sentido de «fato, traje de três peças», terno tem tido escasso ou nulo uso em Portugal. Com efeito, as atestações lexicográficas e literárias sugerem que a palavra ocorre muito pontualmente com esse significado, donde se infere que, entre falantes portugueses, nunca terá sido corrente como sinónimo de fato.
Em dicionários publicados em Portugal entre os meados do século XIX e o primeiro quartel do século XX, o registo do substantivo terno, que genericamente significa «conjunto de três entidades, seres, objetos etc. de igual natureza» (Dicionário Houaiss), não inclui tal aceção1. Nos dicionários portugueses mais recentes, este vocábulo já tem associado o significado em apreço, mas sempre classificado como brasileirismo.2 Quanto a pesquisas em coleções de textos, a consulta do conjunto histórico do Corpus do Português (de Mark Davies) revela que a palavra ocorre tardiamente em textos portugueses, no século XX, e apenas em referência a situações ou figuras relacionadas com o Brasil.
1 Foram consultados O Novo Diccionario da Lingua Portugueza (1849), de Eduardo de Faria; o Thesouro da Lingua Portugueza (5.º vol, 1874), de Frei Domingos Vieira; o Novo Diccionario da Língua Portuguesa (1913), de Cândido de Figueiredo.
2 Entre os dicionários atualmente disponíveis, foram utilizados o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, o Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora (versão eletrónica na Infopédia) e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.