Senão surge na frase apresentada como um elemento de uma locução conjuncional coordenativa correlativa. Trata-se de um conector formado por vários elementos que estabelece entre os membros coordenados uma relação de interdependência, que envolve também uma noção de adição.
Neste tipo de construção senão é equivalente a «como também» ou a «mas também».
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N.A. (20/01/2021) – Relativamente a esta resposta, escreve-nos um consulente – Markus Dienel, Giessen, Alemanha – o seguinte: «Relativamente à pergunta do consulente Fernando Bueno, na vossa resposta com o título «'O uso correlativo de senão como conjuncção», do dia 15 de Janeiro de 2021: na frase que elle apresenta para análise, o «senão» devia sêr usado com «também», isto é: «senão também» ou "senão, também,» («também» entre vírgulas), assim como em «como também» ou «mas também»; pois o advérbio «só» exige isso. Assim, ficaria: «Successo financeiro exige NÃO SÓ intelligência, SENÃO TAMBÉM domínio próprio.» «Vencer exige NÃO SÓ intelligência, SENÃO, TAMBÉM, domínio próprio.» Se, porém, disser: «A victória NÃO vem do homem, SENÃO de Deus», então, aqui, sim, o «senão» não vem acompanhado de «também».»
Relativamente ao comentário feito, concordamos com o facto de a conjunção senão, com valor aditivo e sendo correlativa de «não só», poder ser acompanhada, em todas as situações, por também (que poderá surgir entre vírgulas). No entanto, como explica Napoleão Mendes de Almeida, o constituinte também pode ser omitido: «Senão: Numa só palavra quando significa […] «”mas também” (o também pode não vir expresso), em correlação com “não só”: Eram não só justos, senão caridosos.» (Dicionário de Questões Vernáculas, p. 294, destaque nosso). Acresce, ainda, que quando senão tem um valor contrastivo ou adversativo (equivalente a mas) não há lugar ao uso de também, como bem exemplifica o consulente na última frase que apresenta.