O discurso indireto é um processo de reproduzir enunciados. Neste, as falas reproduzidas surgem, normalmente, no interior de orações subordinadas substantivas completivas introduzidas por verbos declarativos (cf., por exemplo, Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. João Sá da Costa, pp. 629-635).
Numa perspetiva escolar, as gramáticas definem um conjunto de regras para a transposição do discurso direto para o indireto (cf., por exemplo, Nascimento e Lopes, Domínios – Gramática da Língua Portuguesa. Plátano Editora, pp. 285-286). Aqui, afirma-se que um verbo que, no discurso direto, se encontre no presente do indicativo passa para o pretérito imperfeito do indicativo no discurso indireto (1) e um verbo que se encontre no pretérito perfeito do indicativo, no discurso direto, passa para o pretérito mais-que-perfeito do indicativo no discurso indireto (2):
(1) «− Vou ao Japão, disse o Rui.» / «O Rui disse que ia ao Japão.»
(2) «− Fui ao Japão, disse o Rui.» / «O Rui disse que tinha ido / fora ao Japão.»
Não obstante, entre os usos quotidianos, sobretudo no plano da oralidade, a forma do pretérito perfeito do indicativo parece ter tendência a impor-se às restantes, independentemente do tempo verbal do enunciado de origem, fugindo, deste modo, um pouco ao que encontra convencionado.
Neste contexto, e uma vez que não temos acesso ao enunciado original ou a mais elementos do contexto, cabe ao consulente determinar qual a situação que aqui deve ser considerada para avaliar o grau de correção dos enunciados: uma perspetiva mais escolar e, portanto, mais formal ou uma perspetiva mais informal e, logo, mais livre.