De acordo com a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra (págs. 133-139), o predicado pode ser nominal, verbal ou verbo-nominal. A classificação que os autores fazem é a que se descreve a seguir:
Predicado nominal — Predicado formado por um verbo de ligação seguido do predicativo do sujeito.
O verbo de ligação pode expressar um estado permanente («Ela é a tua filha»), um estado transitório («Ele esteve entre a vida e a morte durante uma semana»), uma mudança de estado («Ele ficou muito alterado»), uma continuidade de estado («Ela permaneceu calada»), ou, ainda, uma aparência de estado («Ela parecia um retrato»). Os verbos de ligação ou copulativos servem para estabelecer a união entre duas palavras ou expressões de carácter nominal. Não introduzem uma ideia nova ao sujeito, funcionando apenas como elo entre este e o seu predicativo.
Alguns verbos empregam-se ora como copulativos [a)] ora como significativos [b)]:
1 – a) «Estavas zangado.»
b) «Estavas na praia.»
2 – a) «Andei preocupado.»
b) «Andei muito rápido.»
3 – a) «Fiquei contente com o resultado do jogo.»
b) «Fiquei em casa na sexta-feira.»
4 – a) «Ele continua silêncios.»
b) «Nós continuamos a nossa marcha.»
O predicativo pode ser representado por um substantivo («Este é um vício detestável»), um adjectivo ou locução adjectiva («A sala estava vazia»), pronome («O mito é tudo»), numeral («Nós éramos cinco») ou por uma oração substantiva («Uma tarefa fundamental é preservar a história humana»).
Predicado verbal – Predicado que tem como núcleo um verbo significativo (trazem uma ideia nova ao sujeito), podem ser verbos transitivos ou intransitivos.
Predicado verbo-nominal: Os verbos significativos também podem ser empregados com o predicativo do sujeito, como os verbos de ligação. Nas seguintes orações, os verbos rir e sair são significativos:
a) «O Francisco riu despreocupado.»
b) «Maria saiu da igreja muito pálida.»
Temos que, na primeira oração, «despreocupado» qualifica o sujeito Paulo, e, na segunda oração, «muito pálida» qualifica o sujeito «Maria». O predicado presente nestas frases é um predicado misto, uma vez que possui dois núcleos significativos, um verbo e um predicativo. É portanto denominado predicado verbo-nominal. Neste tipo de predicados, o predicativo anexo ao sujeito pode vir antecedido de preposição, ou do conectivo como; por exemplo: «O feito foi acusado de ilegal.»
O predicativo do objecto pode modificar não só o sujeito como também o objecto directo e o indirecto. O predicativo do objecto ocorre só no predicado verbo-nominal e é expresso por um substantivo («Eu chamo-me Manuel»), por um adjectivo («Eles julgam-no tranquilo»).
Tal como o predicativo do sujeito, o predicativo do objecto pode ser antecedido de preposição ou do conectivo como:
«Eles consideram-no como o primeiro.»
Assim, verifica-se que, para Celso Cunha e Lindley Cintra, do predicado verbo-nominal fazem parte não só o predicativo do sujeito mas também o predicativo do objecto.
Convém assinalar, no entanto, que, sobre o predicativo do sujeito em predicados verbo-nominais, há outras perspectivas. Por exemplo, há quem considere tal constituinte um aposto (ver M.ª Helena Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 369).
Relativamente à sua segunda questão, na oração «Era Janeiro», o verbo ser é impessoal e indica tempo de maneira geral. O sujeito é inexistente. Nos restantes exemplos que indicou, o sujeito está subentendido. Note-se que este sujeito pode ser realizado por um grupo nominal, como «Aquela casa» ou «O Manuel»:
«[Aquela casa] Era uma casa muito engraçada.»
«[O Manuel] Era um bom homem.»
É de assinalar, contudo, que, num contexto narrativo, sobretudo, em histórias infantis e populares, estas frases podem ser equivalentes a frases introduzidas pela fórmula «Era uma vez». Nestes casos, é possível distinguir dois constituintes: um sujeito, realizado como «uma casa muito engraçada» ou «um bom homem»; e um predicado, que é a forma verbal era, interpretada como sinónimo de existia.