Normalmente, em português, podemos utilizar, por padrão, formas do masculino para designar conjuntos que integram entidades masculinas e femininas. Assim, sob um certo ponto de vista, o uso do masculino seria uma espécie de estratégia não marcada no que diz respeito à seleção de género. Isto é muito evidente no caso da concordância dos predicativos do sujeito, como se pode observar na seguinte frase:
«O João e a Maria são bons alunos»,
muito mais natural do que
?? «O João e a Maria são bom aluno e boa aluna».
A possibilidade de usar formas do masculino para designar conjuntos de entidades masculinas e femininas também é frequente quando se trata de nomes: assim, em circunstâncias normais, quando falamos dos «deputados portugueses», não nos estamos a referir unicamente aos deputados homens, mas ao conjunto de deputados formado por homens e mulheres.
Estas observações levam-nos a sublinhar que o género, entendido como marca linguística, é uma categoria formal, gramatical, não devendo, à partida, ser confundido com diferenciação em termos de identidade sexual.
Pelo que foi dito, a frase «Os jovens alunos serão vereadores por um dia» parece perfeitamente adequada à realidade que se quer descrever.
No entanto, e se houver vontade ou necessidade de sublinhar ou, de algum modo, realçar a participação de alunos de ambos os sexos, isto é, se a questão do sexo dos alunos for relevante no contexto do projeto de lei em causa, é perfeitamente possível optar por uma frase como «Os jovens alunos e alunas serão vereadores por um dia», bastante mais económica e menos redundante do que «Os jovens e as jovens alunos e alunas serão vereadores e vereadoras por um dia».