A forma né (resultante da contração de «não é?») surge já nalguns dicionários, como é o caso dicionário Houaiss ou do dicionário Priberam em linha. Trata-se de um advérbio próprio de um contexto oral e coloquial, o que significa que não é aconselhado na escrita (a não ser que se pretenda reproduzir as marcas de oralidade) nem em contextos formais.
Né pode ser usado como marcador conversacional, tendo como função assinalar
(i) um pedido de confirmação ou de concordância:
(1) «O jogo acabou, né?»
(ii) uma pausa no discurso:
(2) «E agora não digo mais nada porque uma pessoa também fica cansada de falar, né?»
Quando usado com o valor assinalado em (i), podemos considerar que né é usado como um advérbio de dúvida.
Não obstante, a forma contraída pode ser utilizada apenas como um marcador de turno de fala, caso em que já será difícil atribuir-lhe o valor de um advérbio de dúvida. Neste contexto, né será um mero indicador fático, não transmitindo qualquer informação discursiva.
Note-se, por fim, que a forma não contraída «não é?» pode ser usada nas mesmas situações em que encontramos o uso de né. Se esta estiver ao serviço da marca de dúvida, será uma locução adverbial com valor de dúvida (tal como acontece com a contração usada com o valor (i)).