A afirmação: "Vou ir a tua casa", para transmitir o firme propósito de realizar uma acção, não me soa bem. Parece-me redundante e apenas aceitável em linguagem familiar ou local. É certo que empregamos expressões em que o verbo ir é auxiliar de si próprio. Como por exemplo: «Vou indo muito bem»; «Lá vamos indo para Lisboa». Mas o gerúndio do verbo principal – verbo que neste caso também funciona como auxiliar – indica que a acção se realiza progressivamente. Portanto, este gerúndio acrescenta alguma coisa. Faz falta. O que não ocorrerá em «vou ir». Creio ser igualmente afirmativo se disser: «Vou a tua casa». Serei talvez menos expressivo e, por isso, em Mogege não se hesita no uso de uma construção que me soa mal, mas soa bem a quem a emprega.
Porque hesito nesta resposta? Na verdade, existe uma regra (cf. Gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra) segundo a qual o verbo ir se emprega como auxiliar de um verbo principal no infinitivo para exprimir o firme propósito de executar a acção ou a certeza de que ela se realizará em futuro próximo. Exemplos: «Vou procurar um médico». «O navio vai partir.» E os habitantes de Mogege poderiam acrescentar exemplo terceiro: «Vou ir a tua casa»!