Nada adverbial
A palavra nada é um pronome indefinido.
No entanto, na frase «Não gosto nada de ti», deixa de ser pronome indefinido, não?
Será um advérbio de quantidade e grau?
Obrigada.
A palavra nada é um pronome indefinido.
No entanto, na frase «Não gosto nada de ti», deixa de ser pronome indefinido, não?
Será um advérbio de quantidade e grau?
Obrigada.
Na frase «Não gosto nada de ti», a palavra nada funciona como advérbio de quantidade e grau, reforçando a negação expressa por não. Neste contexto, nada não tem valor referencial, mas sim modalizador, com o sentido de «de maneira nenhuma» ou «de modo nenhum».
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, nada pode assumir diferentes funções gramaticais, sendo, por isso, uma palavra heterocategórica, quer isto dizer que pode pertencer a mais do que uma classe de palavras, consoante o contexto. Pode funcionar como pronome indefinido (ex.: «Nada me interessa»), como nome (ex.: «O nada absoluto») ou como advérbio, como sucede na frase em análise.
O Dicionário Terminológico, instrumento de referência para o ensino da gramática em Portugal, distingue claramente entre pronomes indefinidos, usados para substituir nomes com referência indefinida, e advérbios, que modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios. Na frase em análise, nada modifica o verbo gostar, funcionando como advérbio de quantidade e grau.
Em síntese, na construção «Não gosto nada de ti», nada não substitui um nome, atuando, ao invés, como intensificador da negação, reforçando o sentido negativo da frase.