Na frase «O dever da mulher era primeiro ser bela, e depois ser estúpida», verificamos a presença de vários recursos estilísticos:
— a ironia (o dever de: primeiro, bela; depois, estúpida);
— a enumeração (na listagem das "qualidades"/deveres da mulher) e o polissíndeto («e depois ser...»);
— o paralelismo de construção (anáfora do verbo ser + adjectivo — «ser bela... ser estúpida)
— o disfemismo («ser estúpida»).
Por sua vez, na segunda frase — «[Era alta, muito pálida, sobretudo às luzes, delicada de saúde, com um quebranto nos olhos pisados, uma infinita languidez em toda a sua pessoa,] um ar de romance e de lírio meio murcho» —, o que sobressai é a metáfora (a afirmação «Um ar de romance» em vez da comparação «como um ar de romance» e «de lírio meio murcho»). Poder-se-á considerar marcas de disfemismo em «meio murcho», pois a imagem de beleza que se pretende dar com a metáfora de «ar de lírio» perde esse valor com a ideia de «meio murcho».