Na frase «Na base da descoberta científica está um artigo de 1952», o constituinte «um artigo de 1952» tem a função sintática de sujeito.
O sujeito é, de acordo com o Dicionário Terminológico, o elemento que controla a concordância verbal. Neste sentido, uma forma de testar se um constituinte desempenha a função sintática de sujeito é colocá-lo ou no plural ou no singular e verificar se o verbo também acompanha essa mudança em número de modo que a frase continue gramatical. Colocando, à vez, os constituintes «Na base da descoberta científica» e «um artigo de 1952» no plural verifica-se que enquanto (1) é agramatical, (2) é gramatical.
(1) «*Nas bases das descobertas científicas estão um artigo de 1952.»
(2) «Na base da descoberta científica estão uns artigos de 1952.»
Note-se ainda que, embora o português seja considerado uma língua SVO, ou seja, em que o sujeito comummente se encontra em posição pré-verbal, existem situações em que este pode ocorrer em posição pós-verbal, isto é, depois do verbo e numa posição ocupada geralmente pelos complementos e adjuntos, como é o caso da frase apresentada pelo consulente. Todavia, apesar de estar em posição pós-verbal, o sujeito continua a desencadear a concordância da frase.
Outro teste utilizado para a identificação do sujeito de uma frase é a sua substituição por um pronome pessoal na sua forma nominativa. Quando o sujeito é um grupo nominal ou uma oração relativa pode ser substituído por um pronome pessoal, como em (3), quando é uma oração completiva pode ser substituído pelo pronome demonstrativo isso, como em (4).
(3) «Os meus primos vivem em Santarém.» / «Eles vivem em Santarém.»
(4) «É verdade que ele mentiu.» / «Isso é verdade.»
Relativamente à segunda parte da questão, em contexto escolar, entende-se que o verbo estar é um verbo copulativo e, como tal, seleciona um predicativo do sujeito. Contudo, alguns linguistas e gramáticos defendem, tal como indica Eduardo Paiva Raposo em Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian), que, no seu uso locativo, «os verbos estar e ficar não são, na realidade, verbos copulativos, mas sim verbos plenos, ou seja, predicadores que veiculam eles próprios um sentido descritivo de natureza locativa e que selecionam argumentos» (pág. 1331). Nesta perspetiva, no exemplo (5), o constituinte que se segue ao verbo não será considerado um predicativo do sujeito, mas antes um complemento oblíquo.
(5) «O Daniel está em casa dos amigos.»
No entanto, tal como Eduardo Paiva Raposo assinala, «a escolha entre estas duas visões não é fácil, tal como não é óbvio se elas têm implicações diferentes no que respeita à caraterização gramatical – sintática e semântica». Por conseguinte, a questão que se pretende para alguns estudiosos é se em frases como a (5) o sintagma preposicional é um predicativo do sujeito ou um complemento oblíquo. Todavia, aconselhamos que, no contexto do ensino não universitário, se considere estar apenas como um verbo copulativo e que, tal como os restantes verbos copulativos, seleciona um predicativo do sujeito.