Uma das características do predicativo do sujeito (quando não é localizador de tempo ou de espaço) é a de ser substituível pelo pronome o, que, habitualmente, se considera demonstrativo (Cf. p. 136 da Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Cunha e Cintra).
Em «O assunto é-lhe indiferente», estamos perante um dos casos periféricos, em que o pronome dativo lhe não corresponde, efetivamente, a um complemento indireto, embora, do ponto de vista semântico, lhe possa ser atribuído o papel temático de destino, ou meta, como acontece no complemento indireto típico que encontramos em «O João deu uma prenda à Maria», em que há um objeto (o tema, ou paciente — CD) que se desloca do sujeito (agente) para o CI (beneficiário, destino, ou meta…).
Os usos mais periféricos do pronome dativo estão apresentados na resposta Dativo ético e de posse em português.
No caso em análise, estamos perante um dativo de interesse.