É uma palavra que não tem grafia estável em português, pois parece não haver tradição de registo
Há que distinguir entre a peregrinação – hajj – e a pessoa que a fez, o peregrino – hajji.
Nesta perspetiva, a entrada que Adalberto Alves regista no seu Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa é o segundo termo, haji, muito embora inclua na respetiva definição a transcrição ḥajj, que significa «peregrinação». A grafia adotada por Adalberto Alves é legítima, pois já é a recomendada por José Pedro Machado no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Mas também se aceitam as variantes hadji, háji, haje, sobretudo na lexicografia brasileira (ver Aurélio e Dicionário Houaiss). Há ainda o registo da forma hagi, na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
Quanto ao nome da peregrinação a Meca, a Infopédia adota uma solução simples: regista a forma Hajj, que trata como nome próprio, atribuindo-lhe maiúscula inicial, o que legitima os dois jj da transcrição internacional (de inspiração anglo-saxónica, ao que parece) – ḥajj (do árabe حَجّ, «peregrinação», de حَجَّ ḥajja, «ir em peregrinação» (Wiktionary).
Note-se que propor uma grafia de índole mais portuguesa como "haje" pode gerar confusão com a denominação do peregrino – haji. Esta é, portanto, mais uma questão que revela a carência de regras de transliteração/transcrição do árabe para o português e de especialistas capazes de monitorizar a adaptação de arabismos mais recentes. Esta situação repete-se com outras línguas, que têm alfabetos e sistemas de escrita diferentes.