A transcrição constitui uma representação de sons e, portanto, recorre geralmente aos símbolos do Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou International Phonetic Alphabet – IPA).
A transliteração faz uma correspondência entre os elencos de carateres de dois sistemas de escrita (alfabetos ou similares) diferentes.
Por exemplo, pegando na palavra portuguesa arrais, com origem no árabe رئيس, através da associação do artigo الرئيس, é possível obter:
a) uma transcrição: arra'is;
b) uma transliteração: al ra'is
Em a), trata-se de uma transcrição, porque se procura reproduzir a realização fonética de palavras, neste caso uma sequência formada pelo artigo al associado à palavra ra'is. Entre estas opera-se a assimilação da consoante /l/ à consoante vibrante /r/, uma das chamadas consoantes solares1 do árabe que desencadeiam esse fenómeno.
Em b), apresenta-se uma transliteração, fazendo-se a correspondência dos carateres árabes com os caracteres latinos, sem atender ao fenómeno da assimilação. Por outras palavras, a letra lām – ل – é transposta no alfabeto latino como a letra l, sem atender ao referido fenómeno fonético.
Em português ou numa das suas variedades, não existe ainda um sistema de transliteração estável e generalizado. Quanto às transcrições, atualmente, tende-se a utilizar os símbolos do AFI.
1 Consoante solar: «diz-se de qualquer das consoantes da língua árabe que, ao figurarem no início de uma palavra, determinam a assimilação do l do artigo definido (al/ el) antecedente (p.ex., a consoante [n], como em nahru 'rio', annahru 'o rio')» (Dicionário Houaiss).