O uso de ss e c entre vogais obedece a critérios históricos.
Apesar de haver registo de carrocel com c, a forma carrossel tem maior aceitação como adaptação do francês carrousel. Esta apresenta, portanto, -ss-, que se relacionam com a origem francesa, ainda que não lhe seja fiel do ponto de vista fonético, porque o -ss- português soa como s surdo, enquanto o -s- intervocálico francês se pronuncia como [z] (cf. carrousel, Trésor de la Langue Française).
A grafia carrocel tem -c-, porque há quem considere que a palavra se relaciona com carroça, filiação que não é segura, porque o termo francês parece adaptação do napolitano (língua regional italiana) carusiello, que pode significar «bola de argila» (para usar num jogo) e «mealheiro (pequeno cofre para guardar moedas»)1.
Nos casos de pincel e corcel, o c tem outras motivações em cada caso (ver Dicionário Houaiss):
– pincel vem do castelhano pincel, por sua vez, adaptação do catalão pinzell, que evoluiu do latim penicillum, i ou penicillus, i, «pincel»;
– corcel é provavelmente outro castelhanismo, com a forma corcel, adaptação do francês coursier, «cavalo que corre, rápido».
Em suma, apesar de partilharem terminações homófonas ou até homónimas (como acontece com pincel e corcel), as terminações comentadas não constituem unidades linguísticas nem têm, como se viu, a mesma origem.
1 Consultar o dicionário Treccani, em italiano, sobre a forma carosello.