No caso em apreço, para é uma preposição que introduz uma oração cuja natureza é próxima das orações consecutivas.
As orações subordinadas consecutivas introduzidas por itens como tanto/tamanho, tão/tal ou de tal forma que (por exemplo) são sintaticamente próximas das construções introduzidas por suficiente, suficientemente, demasiado (entre outros) porque predicam sobre um grau ao qual se associa uma consequência:
(1) «Está tanto frio que vou para casa.»
(2) «Está demasiado frio para sair.»
Estas construções são também próximas, porque os operadores referidos formam um constituinte com a oração que selecionam: os operadores tão, tanto… selecionam uma oração introduzida por que; operadores como demasiado selecionam uma oração introduzida pela preposição para (com o verbo no infinitivo). Estas construções, normalmente, distinguem-se entre si, porque as primeiras apresentam situações verdadeiras, enquanto as segundas não as dão como verdadeiras1.
Uma vez que não estamos perante uma oração subordinada consecutiva, sendo esta uma construção de expressão do grau, não é aconselhável o estudo destas realidades sintáticas num contexto de ensino não superior, pelas dificuldades que oferecem.
Disponha sempre!
1 Para um maior aprofundamento sobre as construções que predicam sobre o grau, cf. Marques in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2168-2173.