DÚVIDAS

Orações subordinadas finais

Antes de colocar a minha dúvida, uma palavra de apreço e de gratidão a todos os que contribuem para este interessante e útil espaço de reflexão sobre a Língua Portuguesa.

Já consultei várias gramáticas e permaneço com a dúvida, pois não me apresentam respostas conclusivas quanto a esta questão: Quando é que «para» seguido de verbo no infinitivo pode constituir uma oração subordinada final? É que há gramáticas que indicam que estas orações têm sempre o verbo no modo conjuntivo (mas, paradoxalmente, apresentam, como conjunção subordinativa final, a palavra «para»!).

Gostava, por conseguinte, que me apresentassem a divisão e classificação das orações na seguinte frase: «Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer a fealdade deste escândalo, mostrou-lho nos peixes.»

Obrigada pela atenção dispensada.

Resposta

Agradecemos as suas palavras.

Na frase «Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer a fealdade deste escândalo», vemos que o infinitivo encarecer ocorre numa oração com valor final, introduzida pela preposição para. Uma construção equivalente seria empregar uma conjunção ou locução conjuncional (p.ex., «para que») e obter uma oração conjuncional de conjuntivo («para que encarecesse...»). Por outras palavras, a preposição para pode principiar uma oração subordinada final de infinitivo (encarecer), enquanto «para que» é uma locução conjuncional que introduz uma oração subordinada final com o verbo num tempo finito, no modo conjuntivo (por exemplo, encareça, encarecesse, tivesse encarecido).

Simultaneamente, esta oração funciona como complemento circunstancial de fim do verbo pregar, visto que Santo Agostinho tinha um objectivo.

Assim, a oração «para encarecer a fealdade deste escândalo» é estruturalmente uma oração de infinitivo e, funcionalmente, um complemento circunstancial.

Cf. A definição de «oração não finita» + Orações subordinadas reduzidas + Orações reduzidas

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