A sequência «eis que» não é uma locução conjuntiva, é apenas a associação da palavra eis, tradicionalmente classificada como advérbio, à conjunção que, introdutora de orações.1 A sequência em apreço encontra-se descrita por Maria Helena de Moura Neves, no Guia de Uso do Português (São Paulo, Editora UNESP, 2003):
«1. Eis é palavra que aponta para adiante no texto, constituindo marca introdutora de informação. Significa, aproximadamente, "aqui apresento", "adiante está". EIS a minha história. [...]
2.Quando se segue uma oração, forma-se a expressão "eis que". E EIS QUE as chuvas se intensificaram [...].»
O que o consulente talvez pretenda é a expressão «eis senão quando», que, assumindo valor temporal, mostra também carácter adverbial, com função textual próxima de «eis que», como refere a fonte consultada (idem):
«3. A expressão "eis senão quando", também marca introdutora de informação, tem valor temporal, indicando subitaneidade. Procura que procura, EIS SENÂO QUANDO, numa volta da floresta, depara nada mais nada menos que com um urso [...].»
1 O consulente Fernando Bueno (Belo Horizonte, Brasil) comunica-me gentilmente que no português do Brasil se está a usar «eis que» como locução conjuntiva causal. Como não encontro este uso descrito em obras normativas publicadas no Brasil (por exemplo, a fonte em referência na resposta ou Moderna Gramática Portuguesa de Evanildo Bechara), confirmo que se trata de um uso incorre{#c|}to, não aceite pela norma brasileira.