Os elementos apresentados não são suficientes porque estão isolados do contexto.
1 — Parece-nos que esta frase subentende a seguinte ideia: «Uns originais... eram o resultado (do trabalho planeado).»
Deste modo, «Uns originais...» constituem o sujeito da oração, e «o resultado (do trabalho programado)» é o predicativo do sujeito.1
2 — Analisando a frase tal como foi apresentada, verificamos que «o resultado» foi colocado em evidência, e «uns originais...» passaram a ocupar o último lugar.
A frase apresentada é pouco clara porque a colocação de «o resultado» no início da frase causa perturbação na concordância do verbo ser e, ainda, porque não sabemos qual a origem de todo o processo em causa.
Do ponto de vista pragmático, a inversão do predicativo do sujeito dá origem a que este ocupe o primeiro lugar (ou lugar de evidência), mantendo-se, no entanto, o verbo a concordar com o sujeito que passou a ocupar o último lugar na frase.
1 N. E.: Não parece haver consenso quanto ao constituinte que realiza o predicativo do sujeito nas frases em que o verbo ser tem função identificacional. É assim que:
1 – Numa análise gramatical tradicional, Bechara (2002: 558) considera que, numa frase como a que é proposta, a concordância é feita com o predicativo, que vem depois do verbo de ligação:
«[...] em alguns casos, o verbo ser se acomoda à flexão do predicativo, especialmente quando se acha no plural. [...] Nas orações ditas equativas em que com ser se exprime a definição ou a identidade, o verbo, posto entre dois substantivos de números diferentes, concorda em geral com aquele que estiver no plural [...]: "A pátria não é ninguém; são todos [...]."»
2 – No entanto, Mateus et alii (2003: 545) propõem uma análise alternativa:
«[...] neste tipo de frases copulativas, a que muitos autores chamam frases identificacionais ou equativas, um dos constituintes se comporta como predicado e o outro como sujeito.
Assim, só um dos constituintes nominais, o predicado da oração pequena, pode ser substituído pelo demonstrativo invariável -o, como mostra o contraste de gramaticalidade entre (23) e (24):
(23) (a) A degradação do edifício foi [a causa do desmoronamento] e também o foram as chuvas torrenciais.
[...]
(24) (b)*A causa do desmoronamento foi [a degradação do edifício] e também o foi o pouco cuidado dos inquilinos.
[...]
Às frases em que o sujeito da oração pequena ocorre em posição pré-verbal [p.ex. "A degradação do edifício foi a causa do desmoronamento."] [...] chama-se frases copulativas canónicas; àquelas em que é o predicado da oração pequena que ocorre em posição pré-verbal ["A causa do desmoronamento foi a degradação do edifício."] [...] dá-se o nome de frases copulativas invertidas.»