A pergunta parece muito interessante, mas, nas fontes aqui consultadas, não se encontraram elementos coincidentes com a descrição contida na pergunta. Por outras palavras, não se achou referência a sintagmas como «no João», «na Mingota» e «no Joaquim» que desempenhassem a função de sujeitos frásicos nos usos angolanos1. Em todo o caso, fica o registo que a consulente nos fez chegar, aguardando a eventualidade de outros consulentes de Angola também mandarem informação semelhante.
Entretanto, a respeito das construções de complemento indireto no português de Angola, o que a descrição linguística assinala é essa função sintática também ficar abrangida pela tendência para a supressão de preposições, conforme se expõe na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013-2020, p. 167; desenvolveram-se abreviaturas), que atribui o mesmo fenómeno ao português de Moçambique:
«[...] Destaca-se a tendência para a supressão de preposições que, em português europeu (PE), regem complementos verbais com a função de complemento indireto ou oblíquo [...]. Isto significa que em português de Moçambique (PM) e em português de Angola (PA) se dá a conversão de complementos preposicionados do português europeu em complementos diretos. Vejam-se os exemplos:
(6) Complemento indireto
a. PM: Chegou na sala, entregou o emissário a carta (PE: ao emissário)
b. PA: depois dos resultados do recurso que dá razão o clube encarnado (PE: ao clube) [...].»
1 É possível que a pergunta resulte de um engano e que a intenção fosse referir complementos, e não sujeitos:
*Lhe bateram no João. = Bateram no/ao João
*Vão ralhar na Mingota. = Vão ralhar à Mingota.
*Roubaram o teu arroz no Joaquim. = Roubaram ao João o teu arroz (admitindo que o João guardava uma quantidade de arroz que não era sua)
Se os sintagmas sublinhados não são sujeitos, então, as formas verbais «bateram», «vão ralhar» e «roubaram» são sempre usadas em construções de sujeito indeterminado.