Evanildo Bechara, em Moderna gramática portuguesa, no capítulo Outras particularidades das orações subordinadas adverbais, p.501, classifica este tipo de estrutura como oração subordinada modal, dando o seguinte exemplo: «De um relance leu na fisionomia do mancebo, sem que suas pupilas estáticas se movessem nas órbitas» [JA.1,1517].
Mais recentemente, na Gramática do português, (cap.14), a estrutura gramatical em análise «sem se poder ver» é um exemplo de negação oracional de subordinação.
Vejamos:
a) A Ana entrou na sala sem que o professor desse por isso.
b) A Ana entrou na sala sem pedir licença.
Em ambas as frases, o operador negativo ¹, sem, introduz uma estrutura oracional subordinada de valor circunstancial, finita, em a) e não finita, em b).
(Vide, Gramática do português, cap.14, vol.I, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, pp 464- 478.)
¹ São operadores de negação não, nem, sem.
No volume II da referida gramática, lê.se a este propósito: «Do ponto de vista semântico, estas estruturas caracterizam-se por descreverem uma circunstância que não teve lugar, podendo, por conseguinte, ser designadas orações adverbiais de circunstância negativa».
(Vide Gramática do português, cap. 38.2.7 «Orações de circunstância negativa», vol. II, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, pp 2027).
Assim, face à questão colocada, a estrutura em análise é uma estrutura oracional subordinada não finita, de valor circunstancial negativo, que funciona como domínio de negação da oração subordinante. Estamos, pois, perante uma oração subordinada adverbial.
Cf. Fernando Pessoa: 10 das melhores frases do génio + “Mensagem”, de Fernando Pessoa, apresentada por Maria Regina Rocha