Considero que o verbo na oração subordinada adverbial reduzida de infinitivo em apreço é ambíguo. Tanto pode ser o infinitivo pessoal como o impessoal:
1) «Eis senão quando, ao passar ao quarto do filho, viram por debaixo da porta uma risca de luz.»
2) «Eis senão quando, ao passarem ao quarto do filho, viram por debaixo da porta uma risca de luz.»
As duas frases estão correctas. Em 1, não é obrigatório o emprego do infinitivo flexionado, porque o sujeito subentendido da subordinante controla, digamos assim1, o sujeito nulo da oração subordinada, à semelhança do que ocorre numa oração final de infinitivo:
3) a. «Passaram pela aldeia para visitar a avó.»
b. «Passaram pela aldeia para visitarem a avó.»
O infinitivo não flexionado em 3a aproxima a oração de um modificador adverbial («para uma visita à avó»). A opção pelo infinitivo flexionado em 3b, apesar de redundante, sublinha maior dinamismo do estado de coisas que é referido pela oração e pode ser substituído por uma oração subordinada final finita («para que visitassem a avó»).
O facto de as orações subordinadas de adverbiais de infinitivo se comportarem como outros modificadores, que, entre certos meios pedagógicos, se designam globalmente por grupo móvel, não afecta a possibilidade de ocorrência das duas construções:
4) «Eis senão quando viram por debaixo da porta uma risca de luz, ao passar ao quarto do filho.»
5) «Eis senão quando viram por debaixo da porta uma risca de luz, ao passarem ao quarto do filho.»
1 Trata-se de um aspecto gerador de certa controvérsia entre sinta{#c|}ticistas, como se mostra em M.ª Helena Mira Mateus et alii, Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 2003: 824/825).