Arnaldo Saraiva, em «A Arte da Comunicação Oral» (in Falar melhor, Escrever melhor, Lisboa, Selecções do Reader´s Digest, 1991), inclui as lengalengas – a par dos contos tradicionais, das lendas, das fábulas – nos textos da literatura oral, tendo em conta o modo de transmissão desse tipo de texto e o facto de ter como suporte a memória.
Sobre a especificidade da literatura oral, diz-nos o seguinte: «Nas sociedades onde predomine a comunicação impressa ou a electrónica, como nas sociedades em que predomina a comunicação oral, há necessariamente uma grande quantidade de textos literários ou paraliterários que são transmitidos oralmente, alguns dos quais ainda hoje podem desconhecer outro qualquer suporte que não seja o da memória, embora haja cada vez mais tendência para os recolher em livros e em cassetes ou videocassetes. Entre esses textos, ou microtextos, incluem-se canções, orações, lengalengas, adivinhas, provérbios, lendas, contos, fábulas, mitos, autos, fórmulas de vário tipo, paródias, romances, anedotas, ensalmos, desafios, quadras, slogans, piropos, etc. É o conjunto destes textos que constitui a chamada “literatura oral”» (ob. cit., pp. 418-419).