A partir do conceito de paraliteratura (para- + literatura) — que designa o «conjunto de textos que não se enquadra no consenso literário social propriamente dito (Por ex.: as revistas sensacionalistas, as letras de músicas, as novelas e telenovelas, as histórias em quadradinhos)» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001) — retira-se o do adjetivo paraliterário.
Por isso, textos paraliterários são todos aqueles que não correspondem aos critérios exigidos pela arte literária. Por exemplo, as lengalengas fazem parte da literatura oral, inserindo-se nos textos paraliterários.
Sobre isto, importa transcrever o que nos diz Arnaldo Saraiva, em «A Arte da Comunicação Oral» (in Falar melhor, Escrever melhor, Lisboa, Selecções do Reader´s Digest, 1991 pp. 418-419): «Nas sociedades onde predomine a comunicação impressa ou a electrónica, como nas sociedades em que predomina a comunicação oral, há necessariamente uma grande quantidade de textos literários ou paraliterários que são transmitidos oralmente, alguns dos quais ainda hoje podem desconhecer outro qualquer suporte que não seja o da memória, embora haja cada vez mais tendência para os recolher em livros e em cassetes ou videocassetes. Entre esses textos, ou microtextos, incluem-se canções, orações, lengalengas, adivinhas, provérbios, lendas, contos, fábulas, mitos, autos, fórmulas de vário tipo, paródias, romances, anedotas, ensalmos, desafios, quadras, slogans, piropos, etc. É o conjunto destes textos que constitui a chamada “literatura oral”.»
Nota: Se nos debruçarmos sobre a etimologia da palavra, será relativamente fácil depreendermos o seu sentido, uma vez que o elemento de formação para- [«do grego pará, "cerca de, perto de"] exprime a noção de proximidade, aproximação, semelhança, assim como defeito e vício» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001). Portanto, um texto paraliterário não poderia ser um texto literário puro.