Pelo contexto, depreende-se que deveria escrever-se «ó pescador», conforme outros vocativos, em que se emprega a interjeição ó para marcar chamamento ou interpelação.
No entanto, o que se lê em várias edições e reproduções do poema é oh, a interjeição que «expressa surpresa, desejo, repugnância, tristeza, dor, repreensão» (Dicionário Houaiss, 2001) e que costuma ser seguida de ponto de exclamação ou vírgula. É de supor que certas edições recentes mantenham a forma oh por fidelidade ao que figura na edição de 1853 de Folhas Caídas, na qual se grafa oh.*
No contexto do ensino não universitário, pode considerar-se mais adequado escrever-se ó, em lugar de oh, muito embora se possa pensar que esta opção se revela um tanto empobrecedora, tendo em conta a polissemia e a margem de liberdade da linguagem poética.
* Veja-se, por exemplo, Flores sem Fruto e Folhas Caídas de Almeida Garrett, edição de Paula Morão, 4.ª ed., Lisboa, Comunicação, 1987.