A variação apontada deve-se à confusão gráfica entre as letras s e z, que na pronúncia deixaram de se distinguir a partir do século XVII em várias regiões do país, sobretudo na corte de Lisboa. Esta situação explica que z apareça frequentemente em lugar de s e vice-versa; é este o caso de Brás/Braz, nome que tem origem na forma latina Blasius, «santo martirizado na Arménia em 316» (José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, 2003). Esta forma latina evoluiu em galego-português como Blas (igual à do castelhano), que tinha como variante Bras, forma que se tornou a portuguesa Brás (a galega é Bras ou muitas vezes Blas). Esta forma tinha um s final que soava como o chamado "s" beirão (que aos lisboetas e à população portuguesa meridional soa como x, mas que não é assim articulado).
Mais tarde, no litoral e no sul de Portugal, o som associado a este s acabou por se confundir com o som marcado pelo -z final de noz e rapaz (que nestas palavras já deveria soar surdo como o ç de caça). Esta confusão fonética levou os falantes a confundirem também o lugar das duas letras nas palavras, de tal maneira que, no século XVIII e XIX, aparece muitas um -z final sem justificação na história linguística anterior (por exemplo, portuguez, que parece suplantar a forma acabada em -s), sempre que este não é marca de plural, como era o caso de Brás – e daí ter-se passado a escrever Braz. Com a implantação da República em 1910 e a ampla reforma ortográfica de 1911, procurou-se restaurar os ss no lugar correspondente à antiga pronúncia do século XVI, que, como se disse distinguia claramente na pronúncia o "s" de passo do "ç" de paço.
Atualização – Quanto ao acento gráfico nas formas em questão, não se julgue que este sempre se aplicou; na verdade, antes da reforma de 1911, o seu uso parece algo arbitrário. Assim, por exemplo, marquês figura como marquez, com z e sem o atual acento em textos anteriores a 1911, como acontece com a peça de Almeida Garrett intitulada A Sobrinha do Marquez, conforme a ortografia da sua 1.ª edição (hoje, escreve-se A Sobrinha do Marquês). Do mesmo modo, em Falar Verdade a Mentir, que Garrett publicou em 1845, a personagem que hoje conhecemos como Brás Ferreira tinha este nome grafado como Braz Ferreira, ou seja, com Braz sem acento gráfico. Observe-se, de resto, que mesmo os registos da forma com s etimológico podiam ocorrer sem acento gráfico: já em 1928, José Leite de Vasconcelos escreve Bras sem acento na sua Toponímia Portuguesa (p. 56); e, em 1934, o filólogo José Joaquim Nunes elencava a mesma grafia no artigo "Os nomes de baptismo: sua origem e significação" (Revista Lusitana, XXXII, p. 69). Isto acontecia quando vigorava a ortografia de 1911 (no meio de muita resistência e polémica) e, no Vocabulário Ortográfico e Remissivo da Língua Portuguesa (ver 3.ª edição de 1914), Gonçalves Viana (1840-1914) tinha fixado Brás com -s e acento gráfico. Em Portugal, a forma atual do nome parece consagrar-se definitivamente com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa que a Academia das Ciências de Lisboa publicou em 1940. Recorde-se, porém, que o Acordo Ortográfico de 1945 (Base XL) permitia que «cada qual poderá manter a escrita que, por costume, adopte na assinatura do seu nome», acrescentando que«[c]om o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registo público». Esta ressalva mantém-s com a mesma formulação no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990. Assim se explica que, a par de Brás, subsistam Braz ou até Bráz., que deverão limitar-se a assinaturas ou a nomes comerciais.